
Arena do Grêmio, 40 graus. A expressão um calor dos infernos pode ser substituída por um calor do Gre-Nal 445, no que deve ter sido na temperatura ambiente um dos mais quentes da história. Em uma escaldante tarde de sábado (8), o clássico válido pela ida da final do Gauchão teve, durante o 2 a 0 do Inter sobre o Grêmio, no calorão o grande protagonista fora de campo.
Sombra e água fresca (ou chope fresco), na esplanada da casa gremista e nos bares das redondezas, era tudo que o torcedor gremista queria antes da partida. Em meio a um calor de deserto, os 51 mil torcedores que foram ao estádio fizeram uma mar azul, preto e branco no Humaitá em um "esquenta" que começou com a temperatura nas alturas.
Termômetro marca mais de 41°C
Batia um vento sem vontade. O termômetro levado pela reportagem chegou a marcar 41,2ºC uma hora antes de a bola rolar. Qualquer espaço servia de refresco. Todos quando saíram de casa rumo à Arena devem ter ouvido: "Vai pela sombra". Eles tentaram. A fina sombra de um poste servia como proteção na hora de esperar na fila para comprar bebida.
Mais perto do início do jogo, ao fim do aquecimento, os jogadores dos dois times pareciam ter jogado os 90 minutos tamanho o suador. A bola sequer tinha se mexido. Os ânimos flamejantes dos últimos dias serenaram entre azuis e vermelhos.

Times no túnel
O elenco gremista saiu em partes para se postar na boca do túnel para as formalidades pré-partida. Os colorados atrasaram.
— O presidente disse para a porta seguir fechada — enfatizou um segurança, cujo o tamanho não recomenda contestações.
Com prudência, o quarto árbitro surgiu e pediu para que a porta abrisse. Uma fresta para ele posicionar a cabeça para o lado de dentro se abriu.
— Disseram que tão vindo, mas sempre demora — comentou, com sorriso amarelo.
Palmas se ouviam do lado de dentro. E o Grêmio lá, esperando. Logo a turma de vermelho saiu, fazendo barulho. Empolgada. Batendo na porta metálica.
Brasas de alegria
Brasas de alegria saltavam dos olhos dos pequenos escolhidos para entrar em campo com os jogadores.
— Braithwaite, Braithwaite — gritavam as crianças em pronuncia clara sobre a companhia preferida.
Quando o Inter surgiu, as coloradas clamaram por Valencia e Alan Patrick. Quando a gurizada voltou, cada um contava para o amiguinho com quem tinham entrado em campo e suavam a emoção daquele instante.
Invasão de torcedor

Antes do início do protocolo, com os 22 titulares perfilados, um torcedor invadiu a área de acesso ao gramado. Logo foi contido pelos seguranças e convidado a esfriar a cabeça no Jecrim.
Os seguranças estavam escaldados. Estavam ali para ser a água fria em ânimos mais acalorados. Precaução. No intervalo e ao final do jogo, uma brigada deles se unia. Entre segurança gremistas, colorados e neutros, uma dúzia se posicionou para evitar o encontro entre os jogadores.
Não precisaram agir. Não houve maiores fervuras de parte a parte, apesar de um pequeno entrevero em campo no fim do primeiro tempo.

Parada para ir ao banheiro
Apesar do calor, alguns pareciam patinar no gelo. Após o segundo gol do Inter, pausa para hidratação. O zagueiro reserva colorado Kaique Rocha aproveitou a parada para ir ao banheiro. No retorno só se ouviu:
— Uouuuuuuuuuuuu — gritou, enquanto escorregava na curva rumo ao gramado.
Quando o jogo terminou, os jogadores colorados receberam o calor das palmas no vestiário. No outro lado, ao menos para quem estava do lado de fora, os gremistas foram recebidos com a frieza do silêncio. Entre os torcedores, a cabeça quente para os gremistas. Os colorados nem esquentaram pela esperar para irem para casa.
Ainda sim, todos ainda carregam o calor da esperança de ser campeão gaúcho. No domingo (16) o calor será certo, ao menos dentro de campo.