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Se um escultor fosse contratado para fazer uma estátua de Gustavo Quinteros e outra de Roger Machado baseada no comportamento dos dois durante o Gre-Nal 444, neste sábado (8), teria mais facilidade para captar um gesto que representasse o técnico gremista do que para o colorado.
Não porque o clássico pela primeira fase do Gauchão durou apenas 32 minutos para Roger, mas o argentino apresentou um repertório gestual mais restrito.
Sentar não foi uma opção para nenhum dos dois. Peneirando mais as ações corporais, Quinteros teve poucos arroubos nos bons e maus momentos.
A maior parte do tempo tinha as mãos na cintura e o olhar atento ao campo. No outro lado, Roger se contorceu feito saca-rolha. Apresentou reações mais epidérmicas em todos os momentos.
O retorno de Roger à Arena do Grêmio
Isso que a recepção não foi tão hostil quanto se imaginava em sua primeira vez de vermelho na Arena. Logo aos cinco minutos, o técnico colorado chiou com uma marcação da arbitragem. Foi a deixa para as vaias a ele fossem inauguradas.
No lance em que o Inter quase abriu o placar, após jogada da direita, flexionou os joelhos, colocou as mãos sobre eles e se preparou para comemorar, mas parou o movimento com a finalização sem direção.
Aos 28 minutos nova reclamação com a arbitragem. Essa mais forte. Roberto Ribas, seu auxiliar, foi expulso.
Após quatro minutos de indefinição, Roger foi convidado a se retirar do gramado por um funcionário da Federação Gaúcha de Futebol — de acordo com o regulamento do Gauchão, ele é responsável pelas atitudes de sua comissão.
O Gre-Nal acabou para Roger, pela última vez “homenageado” pelos gremistas.
Um Quinteros pouco efusivo na casamata
Afora uma rápida instrução para Pavón, Quinteros pouco se movimentou. Gesticulou de maneira comedida. No máximo, apontou para o goleiro Gabriel Grando como queria que o tiro de meta fosse cobrado, após uma cobrança escorrer pela lateral.
No segundo tempo, o arqueiro mudou o posicionamento da bola na hora de chutar e mirou o centro do campo.
As longas observações resultaram em duas anotações. Por duas vezes nos minutos finais da etapa final, sacou do bolso um bloquinho de notas para colocar suas considerações no papel.
O padrão gestual foi quebrado no segundo tempo. Olhou o relógio aos 10 minutos e foi em direção ao seu auxiliar Desábato. Iniciaram um colóquio que se estendeu até quase o fim do jogo. O diálogo não cessou quando o Grêmio acertou a trave. Meia dúzia de minutos depois, nova espiada para o cronômetro.
Os gols e as reações
Quando o VAR entrou em ação para assinalar pênalti para o Grêmio, viveu segundos de inquietação e perambulou pela área técnica. Logo recobrou as movimentações comedidas e a conversa com Desábato.
A hora do gol poderia ser o momento ideal para extravasar. Foi como se o pênalti cobrado por Braithwaite não existisse. Manteve a troca de ideias com o seu auxiliar enquanto os jogadores reservas festejavam a vantagem.
A vantagem durou pouco, o comedimento de Quinteros, não. Quando Fernando empatou, ficou inerte, feito estátua, com as mãos na cintura por alguns instantes para, depois, balançar a cabeça em negação.
Nada mais, nada menos. Nenhum xingão para os seus jogadores. Nenhum ato maior de desaprovação pelo gol sofrido.
Quando o apito trilou pela última vez, Quinteros virou as costas para o campo e saiu sem cumprimentos, sem reclamação, sem nada. Apenas saiu, quando Roger havia saído de cena mais de uma hora antes.