Minha carreira como jogador de vôlei não foi como eu gostaria. De bom, só ficaram os amigos. Depois de quase uma década jogando pela Sogipa, fui a São Paulo, ainda adolescente, tentar uma vaga na Superliga. Passei dois anos em Americana, e nada de conseguir lugar na principal competição de vôlei do país. Se no rico futebol já é difícil, imagina no vôlei, que não tem investimento nenhum.
Mas não é sobre minha decepção no vôlei que quero escrever aqui – esta eu já superei –, mas, sim, no futebol. Você deve estar se perguntando: que raio o vôlei tem a ver? Explico. Há um tempo, o Rafael
Diverio, nosso colega aqui em ZH, já havia sugerido algumas modificações nas regras do futebol no De Fora da Área. O experiente repórter recomendou que parassem o relógio quando a bola também parasse e que impusessem limite de faltas. Achei a brincadeira divertida, e quero sugerir também. Mas antes tenho de voltar ao vôlei.
Em 2012, eu e meu time lá de Americana jogávamos a final dos Jogos Abertos do Interior de SP em uma cidade abafada como o inferno, chamada Bauru. Lembro que enfrentávamos o São Caetano, o favoritão. A partida foi para o tiebreak.
Estava 14 a 13 para a gente quando nosso central, o Jeferson, foi para o saque. O cidadão passou a temporada inteira com uma média horrorosa no serviço. Por algum motivo que até hoje desconheço, o Fausto, nosso técnico, mandou o Jeferson sacar do lado da quadra em que ele nunca sacava. E lá foi o Jeferson. Era a chance de ganhar nosso primeiro campeonato. Toda a torcida estava calada, atenta. Dava para ouvir até a respiração do Ricardinho, o levantador campeão de tudo pela seleção que estava no ginásio aquecendo para jogar pelo Vôlei Futuro, em uma partida posterior a nossa. Baita apreensão. O Jeferson foi lá para o outro lado da quadra e meteu o saque. A bola viajou e caiu em cima da linha deles. Na comemoração, saltei para a arquibancada e abracei a meia dúzia de pessoas que torcia para a gente. Foi, disparado, o momento mais legal que já vivi no esporte.
Minha sugestão para o futebol é simples. Que nunca mais um jogador, no auge da emoção, leve um cartão por comemorar com a sua torcida o gol marcado. Esporte é festa. E festa é comemoração. A mais genuína forma de celebração pós-gol nos foi extorquida cruelmente pelos cartolas da Fifa, que jamais sentiram a emoção de um abraço acalorado depois de uma conquista.