Agora é obrigatório: para disputar a Libertadores e a Copa Sul-Americana a partir de 2019, é necessário ter time feminino. A exigência da Conmebol fez muitos clubes brasileiros correrem para alcançar uma estrutura aceitável depois de anos de descaso.
Chegou a hora de se importar. Não por ser obrigatório, mas porque não se admite mais silenciar e se omitir quando o assunto é futebol feminino em uma sociedade na qual mulheres estão, finalmente, começando a tomar lugares que, historicamente, foram ocupados por homens. No domingo passado, o título do Gauchão foi decidido em um Gre-Nal em que apenas cerca de 2 mil pessoas foram ao Beira-Rio. Chegou a hora de se importar, torcedores.
No primeiro Estadual promovido pela FGF, as condições pouco mudaram em relação aos anos de organização pela Associação Gaúcha de Futebol Feminino. Após vitória nos pênaltis, as gurias do Grêmio improvisaram a mesa para apoiar medalhas e troféus como palco para erguer o prêmio, assim como ocorreu no ano passado, quando as coloradas conquistaram a taça.
Em entrevista recente à Rádio Gaúcha, o presidente Francisco Novelletto valorizou o fato de, mesmo em tempos de crise, manter parcerias comerciais que ajudam a arcar os custos do Gauchão masculino. Enquanto isso, no feminino, não há patrocinadores nem repasses. Chegou a hora de se importar, FGF.
Quando Taba — a capitã do Grêmio que já teve que trabalhar como babá — bateu o pênalti que sagrou sua equipe campeã, as gurias tinham motivos de sobra para comemorar. Mas ainda não sabiam — e não sabem até agora — quando voltarão a campo em 2019, nem sequer em qual divisão. A CBF ainda não divulgou o calendário. O do masculino foi publicado em outubro. Chegou a hora de se importar, CBF.
Nesta semana, Marta foi a primeira mulher a ser homenageada na calçada da fama do Maracanã, e a Globo anunciou que vai transmitir os jogos da seleção feminina na Copa — fato inédito na história. São notícias que, embora pareçam pequenos avanços, significam passos gigantes para quem sempre ficou à margem da pompa do futebol.
Clubes, torcedores, federações estaduais, CBF, patrocinadores e veículos de mídia: a responsabilidade é coletiva. Chegou a hora de se importar.