O ex-jogador Luis Figo anunciou nesta quinta-feira a sua desistência da candidatura à presidência da Fifa. Em nota divulgada por meio de suas redes sociais, o português disse que deixa o processo.
- Eì por isso que, apoìs ter refletido de forma individual e partilhando opinioÞes com dois outros candidatos neste processo, entendo que o que vai acontecer dia 29 de maio em Zurique naÞo eì um ato eleitoral normal. E naÞo sendo, naÞo contam comigo - escreveu Figo.
Recentemente, o holandês Michael van Praag também havia retirado a sua candidatura. Desta forma, o único adversário do atual presidente, Joseph Blatter, é o príncipe jordaniano Ali bin al-Hussein. O congresso da Fifa que define o novo presidente é na próxima semana.
Leia a nota de Figo na íntegra:
"A minha candidatura aÌ Presidência da FIFA resultou de uma decisaÞo individual, depois de ouvir muita gente relevante no universo do futebol internacional.
Reuni os apoios necessaìrios para me candidatar, formalizei a minha candidatura e as reaçoÞes do mundo do futebol foram em tamanha dimensaÞo - quer puìblicas quer privadas - que ainda com mais consciência fiquei de que a minha decisaÞo foi correta.
O universo de um desporto que me deu tudo o que sou e a quem me predispus a devolver agora, fora de campo, estaì sedento de mudança. A FIFA precisa de uma mudança e eu entendo que essa mudança eì urgente.
Guiado por essa vontade, pelos apoios formais recolhidos e pela impressionante onda de apoios de atletas, ex-atletas, treinadores, aìrbitros e dirigentes do futebol, idealizei e apresentei um programa de açaÞo, o meu manifesto eleitoral para a Presidência da FIFA.
Viajei e conheci gente extraordinaìria, que reconhecendo o valor de muitas das coisas que foram feitas, tambeìm se identifica com esta necessidade de mudança, que limpe a FIFA do selo de organizaçaÞo obscura e tantas vezes olhada como espaço de corrupçaÞo.
Mas nestes meses naÞo assisti apenas a esta vontade, assisti a episoìdios consecutivos, em diversos pontos do planeta, que devem envergonhar quem deseja um futebol livre, limpo e democraìtico.
Vi eu presidentes de federaçaÞo que num dia comparavam os liìderes da FIFA ao Diabo e no outro subiam ao palco a comparar as mesmas pessoas a Jesus Cristo. Ningueìm me contou. Fui eu que presenciei.
Os candidatos foram impedidos de se dirigir aÌs federaçoÞes em congressos enquanto um dos candidatos discursava sempre sozinho do alto de uma tribuna. NaÞo houve um uìnico debate puìblico sobre os programas de cada um.
Haveraì algueìm que ache normal uma eleiçaÞo para uma das mais relevantes organizaçoÞes do planeta decorrer sem um debate puìblico? Haveraì algueìm que ache normal que um candidato naÞo apresente sequer um programa eleitoral para ser sufragado no dia 29 de Maio? NaÞo deveria ser obrigatoìria a apresentaçaÞo desse programa para que os presidentes de federaçoÞes conheçam aquilo que vaÞo votar?
Seria normal, mas este processo eleitoral eì tudo menos isso, uma eleiçaÞo.
Este processo eì um plebiscito de entrega do poder absoluto a um soì homem - algo que me recuso a caucionar.
Eì por isso que, apoìs ter refletido de forma individual e partilhando opinioÞes com dois outros candidatos neste processo, entendo que o que vai acontecer dia 29 de Maio em Zurique naÞo eì um ato eleitoral normal.
E naÞo sendo, naÞo contam comigo.
Que fique claro, tenho um profundo respeito por todo o universo do futebol mundial, desde Aìfrica, onde tanto incentivo recebi, aÌ Aìsia, onde tenho e manterei grandes relaçoÞes, passando pela Ameìrica do Sul, onde uma nova geraçaÞo ganha espaço e pela Ameìrica Central e do Norte, onde tantos foram calados quando queriam falar, e aÌ Oceânia, cujo desenvolvimento devia ser olhado de outro modo por todos. E finalmente aÌ Europa, onde senti espaço para debate normal e democraìtico, graças ao impulso do Presidente Platini.
A todos agradeço calorosamente, porque desejo deixar claro que naÞo saÞo eles a comissaÞo eleitoral e naÞo saÞo eles quem deseja uma FIFA cada vez menos forte.
Eu, de minha parte, continuo comprometido com as ideias que deixo escritas e divulgadas, mantenho a minha vontade de participar ativamente numa regeneraçaÞo para a FIFA e estarei disponiìvel para ela sempre que me demonstrem que naÞo vivemos em ditadura.
NaÞo receio eleiçoÞes, antes naÞo pactuo nem cauciono um processo que se concluiraì dia 29 de Maio e do qual o futebol naÞo sairaì a ganhar.
A minha decisaÞo estaì tomada, naÞo disputarei aquilo a que chamaram ato eleitoral para a Presidência da FIFA.
Agradeço profundamente a todos os que me apoiaram e peço que mantenham a vontade regeneradora que pode tardar, mas chegaraì."
*ZHESPORTES