
Com apenas 18 anos de idade, o atacante Luighi já viveu momentos de altos e baixos na sua curta carreira. O mais lamentável foi o ato de racismo sofrido, na quinta-feira (6), durante um duelo da Libertadores sub-20, no Paraguai. Por outro lado, ele já teve a oportunidade de jogar no Maracanã pelo Palmeiras e marcar um gol contra o Flamengo.
Mesmo disputando um torneio de base, Luighi já é considerado profissional. Ele já marcou duas vezes com a camisa do Verdão, sendo ambos gols importantes.
O primeiro foi no Maracanã, diante do Flamengo, no Brasileirão 2024. O atacante foi acionado por Abel Ferreira aos 30 minutos do segundo tempo. Aos 41, mostrou por que despertou a confiança do treinador tão precocemente. Fez o gol de empate em um lance de oportunismo e garantiu um ponto na tabela ao Palmeiras.
O segundo foi nesta temporada. Luighi foi promovido de vez ao time principal para a disputa do Paulistão. Foram oito jogos e um gol que ajudou na classificação às quartas de final.
Diante do Botafogo-SP, na penúltima rodada da fase de grupos, o Palmeiras entrou pressionado por um bom resultado. O jovem atacante saiu do banco de reservas e fez um belo gol para aliviar a equipe que vencia por 2 a 1, mas sofria grande pressão dentro do próprio estádio.
Luighi está no Palmeiras desde os 10 anos. Ele foi campeão em todas as categorias de base e teve ótimos números. Em 2023, acumulou os melhores da sua carreira, quando marcou 21 gols em 22 jogos nas principais competições do time sub-17.
Apesar disso, a forte concorrência no ataque, principalmente com a chegada de Vitor Roque e a iminente recuperação de Paulinho, tirou espaço de Luighi nos profissionais, e dificilmente vai ter vaga na composição do elenco nesta temporada.
Por isso, Abel Ferreira decidiu que seria melhor ele ter minutagem no time sub-20 e o mandou para a Libertadores da categoria. Na estreia, no início desta semana, marcou o seu na vitória por 6 a 0 sobre o Blooming, da Bolívia.
Entenda o caso de racismo
Luighi foi alvo de cusparadas dos torcedores rivais no Estádio Gunther Vogel, e disse ter sido chamado de macaco ao ser substituído. Pelas imagens da transmissão da TV, foi possível ver um homem com uma criança no colo imitando o animal, provocando os brasileiros.
Ao final do jogo, o jovem atacante chorou e deu uma entrevista comovente. Ele interrompeu o repórter, que introduzia uma pergunta sobre a partida, e disse:
— É sério isso? Vocês não vão perguntar sobre o ato de racismo que fizeram comigo? É sério? Até quando a gente vai passar isso? Me fala... até quando a gente vai passar isso? O que fizeram comigo foi um crime, pô. Vocês vão perguntar sobre o jogo mesmo?
— A Conmebol vai fazer o que sobre isso? CBF, sei lá. Você não vai perguntar sobre isso? Não ia, né? Você não ia perguntar sobre isso. O que fizeram foi um crime comigo, pô. A gente é formação. Aqui é formação, pô. A gente está aprendendo aqui — completou.
Os atos racistas se iniciaram após o Palmeiras fazer seu terceiro gol sobre o Cerro Porteño, por volta dos 35 minutos do segundo tempo. Apesar dos atletas do time brasileiro terem mostrado ao árbitro da partida o que estava ocorrendo na arquibancada, o jogo continuou normalmente até o final e a equipe alviverde venceu por 3 a 0.