O São Paulo não está morto na Copa Libertadores da América graças a Michel Bastos. Com seu maior público na temporada, mais de 26 mil presentes, o time de Muricy Ramalho recebeu o San Lorenzo-ARG pela terceira rodada do Grupo 2 e pela sobrevivência. Cumpriu tabela e cumpriu seu papel. Venceu, ainda que a duras penas, por 1 a 0 e agora respira na segunda colocação com seis pontos.
Nos primeiros instantes de jogo no Morumbi, pode-se dizer que tudo aconteceu. E quase simultaneamente. Da explosão de Luis Fabiano para buscar e armar o jogo e ainda se apresentar na área. Da ultrapassagem de Alexandre Pato com cruzamento preciso - e um imprevisto. Da cabeçada que violentou a trave direita de Torrico e arrancou gritos e pulos nas arquibancadas.
O lance recheadíssimo e instantâneo levantou a torcida, inflou os ânimos dos jogadores em campo, mas judiou Pato. O camisa 11, fio de esperança num início de ano crítico, machuchou o tornozelo direito. Reclamaria mais tarde do gramado e um infeliz buraco, como o que deixou na equipe treinada com tanto segredo por Muricy na última terça-feira.
Centurión, que fora ovacionado antes do jogo, ganhou dos torcedores um combustível para fazer a diferença. Fez, mas para o mal, ainda que indiretamente. Muricy teve que dançar com o setor ofensivo: Luis Fabiano se enfiou na área, Ganso passou a povoar o centro e Michel Bastos, a direita. E o San Lorenzo, a defesa tricolor. Um Deus nos acuda a cada aguda descida.
Mas como se tivesse abastecido o carro com combustível adulterado, o São Paulo passou a engasgar. A torcida, idem. Engolia seco com as finalizações perigosas dos argentinos e raras dos paulistas. Os ajustes no intervalo deram sobrevida ao veículo, que mais uma vez se chocou com a trave após levantamento da direita. Luis Fabiano voou para testar no pé do poste.
Na estrada esburacada até a vitória, houve ainda o erro de Humberto Clavijo. O auxiliar de Wilmar Roldán levantou a bandeira quando Centurión já armava sua cumbia e levava a torcida ao delírio. Equivocadamente, o assistente acusou impedimento do argentino, acionado por Luis Fabiano, mais uma vez pelo lado direito do ataque. Xingamentos para o trio de arbitragem.
Xingamento também para Ganso, em noite tenebrosa. Apático, mal tecnicamente, talvez agora reveja sua opinião sobre "tudo estar bem" no São Paulo em 2015. Palmas para Rogério Ceni, atento e preciso em contra-ataque armado para ser letal pelo San Lorenzo. Palmas, gritos, socos no ar e todo tipo de desabafo para Michel Bastos.
O camisa 7 havia testado na trave naquele fatídico lance no início do jogo. Desta vez, começou tudo com certeira e providencial virada de jogo para Carlinhos cruzar no segundo poste. Ali, onde normalmente habitam os centroavantes, o meia fez aquilo que Muricy tanto insiste. Entrou de surpresa, de cabeça. O gol salvador aos 44 minutos do segundo tempo mantém a esperança e o São Paulo vivíssimos. Uma prova de que coração também faltava ao combalido Tricolor.
LANCEPRESS