
Se não ficou marcada pelo desempenho ou pela segurança do time, a vitória do Inter sobre o Caxias, no domingo (17), apresentou uma boa notícia para além dos três pontos que asseguraram a vice-liderança no Gauchão. O gol no final do jogo reabilitou Patrick, um jogador que estava marcado por torcedores e que havia perdido lugar na equipe titular de Odair Hellmann. Vaiado ao entrar, acabou aplaudido ao sair.
Reforço contratado em 2018 junto ao Sport, Patrick teve começo de Brasileirão empolgante em 2018. Atuando como um híbrido entre volante e meia, ao lado de Edenilson e à frente de Rodrigo Dourado, destacou-se pelo fôlego, pela imposição física e por gols. De uma hora para outra, aquele jogador que chegou com pouca pompa tornou-se peça fundamental no time. Foi tão artilheiro que até cartão amarelo recebeu por comemorar vestindo uma máscara do herói Pantera Negra.
Depois, caiu de rendimento. Após fazer um gol contra o Bahia na abertura do segundo turno, o jogador que optou pelo número 88 não repetiu mais as atuações que o levaram a integrar a seleção do campeonato da Bola de Prata, premiação que acompanha jogo a jogo da competição. Patrick terminou o ano em baixa e já iniciou 2019 na reserva.
Há algumas explicações para a queda. Segundo o próprio meio-campista, os adversários passaram a reconhecê-lo como um jogador importante do time e reforçaram a marcação. Além disso, uma mudança em seu posicionamento também pode ter afetado sua produção em campo. Com o retorno de D'Alessandro, que devolveu criatividade a uma equipe que não encontrava mais soluções ofensivas, Patrick deixou de ser volante e passou a ser extrema, atuando aberto pela esquerda. Nessa função, deixou de ser um atleta de profundidade e fator surpresa, tornando-se quase um auxiliar de lateral.
Basta ver os mapas de calor oferecidos pelo site SofaScore, que acompanha o Brasileirão. Contra o Vasco, no primeiro turno, quando teve sua melhor nota, Patrick aparece bastante pela faixa central do campo, com ênfase do lado esquerdo, mas tem liberdade para se movimentar mais também por outros setores. Contra o Palmeiras, já no segundo turno, quando teve seu pior desempenho na análise dos especialistas (que leva em conta somente a matemática e não fatores subjetivos), é possível perceber que ficou quase colado na linha lateral.
— Patrick deu uma cara diferente para o Inter, acertou o time. Pode ver que, quando ele caiu, a equipe caiu junto. Ele é importante no esquema do Odair — analisa o ex-volante Claiton.
O atual técnico do Cruzeiro-RS vê semelhanças entre a situação que viveu no Inter com a de Patrick:
— Ele conquistou a torcida no início, e agora a torcida pega no pé. Foi assim comigo também. Mas tem uma vantagem sobre mim: como é mais ofensivo, consegue fazer gols. Isso ajuda a recuperar a imagem. Patrick pode mostrar que é importante, mesmo se não for sempre titular.
A opinião é semelhante à de Roberto Melo, vice de futebol do Inter:
— Patrick é um jogador que nos ajudou demais, que a gente tem que recuperar.
Para recuperá-lo, existe a chance de dar mais tempo ao jogador. Ele é um dos cotados para substituir Edenilson, expulso contra o Caxias, no domingo, diante do Avenida. Caso Odair opte mesmo por manter o time no 4-1-4-1, apostando em uma dupla à frente de Rodrigo Dourado, é grande a chance de ele ficar ao lado de Nonato na função, deixando Nico López, Pottker, D'Alessandro e Neilton, por exemplo, disputando as outras duas vagas do meio.