Há dois anos e alguns dias, debutei neste lugar que escrevo novamente. O nome da minha primeira coluna foi "E quando o carro parar". Nela, eu me manifestava sobre o fraco desempenho do time de Argel Fucks, que, surpreendentemente, apesar das atuações não convincentes no Brasileirão, empilhava vitórias (grande parte delas por 1 a 0).
O título era um trocadilho com a frase tantas vezes repetida pelo então treinador, que dizia estar trocando o pneu com o carro andando. Com os resultados positivos, o clube bateu na trave e quase se classificou para a Libertadores de 2016, ficando apenas dois pontos atrás do São Paulo, quarto colocado. Como consequência, Argel teve seu contrato renovado e ganhou tempo suficiente para montar o veículo inteiro. Não aproveitou. Alguns Paulos Cezares Magalhães, Fernandos Bob, Fabinhos e Anselmos depois, a direção colorada percebeu o erro cometido e demitiu o profissional. Falcão, Roth, Lisca. Todos sabemos o final da história.
Hoje, discute-se a manutenção de Guto Ferreira para o ano que vem. O treinador, diferentemente de Argel, não tem o perfil de bombeiro. Após a demissão de Zago, chegou respaldado por bons trabalhos na Ponte Preta, na Chapecoense e no Bahia. Depois de um início um tanto quanto turbulento, conseguiu impressionantes 11 vitórias em 13 jogos disputados e, com isso, praticamente garantiu o retorno do Inter à Série A.
Só que há algum tempo o time está devendo.
Não há, na Segunda Divisão, qualquer clube que tenha tamanha estrutura, poder de investimento, jogadores renomados, estádio e torcida quanto o Inter. Por isso, espera-se muito mais. Guto Ferreira tem nas mãos tudo que precisa pra fazer um bom trabalho. O acesso já está na conta dele. O título, ainda não sabemos. Cabe à direção escolher se ele é capacitado o suficiente para ajudar na engenharia que é montar um grupo para disputar a Primeira Divisão. Argel não foi, e o erro custou caro.
Mais uma temporada está chegando ao fim, e o carro vai estacionar de novo.
Espera-se que o que aconteceu em 2015 tenha servido de lição: só resultados não são suficientes para avaliar algum trabalho. Pelo que a atual direção deixa transparecer, sabe de tudo isso e não irá fazer a torcida colorada reviver o pior ano de sua história.