O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) apresentou denúncia à justiça contra Francisco José de Godoy Antunes Ferreira, empresário de jogadores de futebol, por falsificação de documentos e e-mails na transferência do atleta Victor Ramos, cuja carreira era gerenciada por ele.
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De acordo com promotor Marcelo Muniz Neves, coordenador da 1ª Central de Inquéritos, o MPRJ requer que o denunciado seja condenado pelo crime de falsificação de documentos, com previsão de pena de reclusão de um a cinco anos, além de pagamento multa, conforme o artigo 298 do Código Penal.
Segundo a denúncia, Godoy teve acesso e adulterou e-mails sobre o prazo da janela de transferência do jogador em âmbito internacional, trocados entre o departamento de futebol do Vitória e o setor de registro da CBF. Ele já havia admitido o ato. Os documentos adulterados foram enviados pelo empresário para Antonio Gutierrez, dirigente do Club Monterrey, do México, que detinha os direitos federativos de Victor Ramos.
Os e-mails adulterados foram usados pelo Inter como supostas provas de possível escalação irregular de Victor Ramos pelo Vitória no Brasileirão de 2016, na qual o Inter foi rebaixado e o clube baiano escapou do descenso.
A CBF oficiou o Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) informando sobre a adulteração das mensagens e pedindo apuração da falsificação. O STJD comunicou ao MPRJ, que apurou a denúncia, e mediante as evidências, ofereceu a denúncia contra Francisco José de Godoy Antunes Ferreira.
O MPRJ também demandou a abertura de inquérito policial para investigação da participação de outros suspeitos, a fim de comprovar eventual dolo no uso dos e-mails adulterados.
Relembre o Caso Victor Ramos
Desde o final do ano passado, o Inter entrou na Justiça Desportiva alegando uma irregularidade na inscrição do zagueiro Victor Ramos, que foi contratado pelo Vitória junto ao Monterrey-MEX. Como estava emprestado ao Palmeiras, os clubes fizeram a transferência diretamente no Brasil, sem passar pelos trâmites burocráticos internacionais previstos pela Fifa, segundo o clube gaúcho. Isso teria beneficiado o clube baiano a acelerar sua inscrição e ter vantagens financeiras na negociação – se o Inter conseguisse caracterizar a irregularidade, o Vitória poderia perder pontos no Brasileirão do ano passado e, assim, o Inter se manteria na Série A.
O caso não foi levado adiante pela Procuradoria do STJD e, portanto, nunca foi julgado no Brasil. Desta forma, o Inter optou por entrar com um recurso na Corte Arbitral do Esporte (CAS), na Suíça. Contudo, a instância máxima do esporte decidiu que não tinha competência para julgar o mérito da questão e encerrou o caso.
Durante a tentativa de abrir o caso no STJD, o Inter se utilizou de e-mails trocados entre Reynaldo Buzzoni, diretor de registros da CBF, e o Vitória para tentar indicar a má-fé do clube baiano. Contudo, a CBF alegou que os e-mails haviam sido adulterados. O STJD abriu e manteve um inquérito para investigar a veracidade dos e-mails e, com sua conclusão, pediu a punição ao clube gaúcho.
*ZHEsportes