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O desempenho do Inter no empate com o Juventude impactou tanto o técnico Guto Ferreira que ele tomou uma decisão drástica: poupar seis jogadores diante do Figueirense, na noite desta terça-feira, às 20h30min, no Orlando Scarpelli. Mesmo correndo o sério risco de mais um revés na Segunda Divisão, o novo treinador colorado optou por deixar em Porto Alegre D'Alessandro, Uendel, Rodrigo Dourado, Edenílson, Nico López e Léo Ortiz. Todos sacados da partida alegadamente devido a cansaço, ainda que nos bastidores se diga que alguns deles foram poupados para passarem por um "retreinamento", ao estilo do que Guto exigirá para o seu time.
Assim, jogadores que pouco atuaram na temporada, como Danilo Silva, Charles e Fabinho, mais Roberson, Carlos e Brenner deverão ser titulares. Ainda que mais da metade do time seja reserva, apenas uma vitória em Florianópolis poderá amenizar a crise que insiste em se instalar no Beira-Rio a cada sábado à noite. O Inter é o 10º colocado na Segunda Divisão, cinco pontos atrás do líder, Paysandu, um ponto atrás do novo colocado, o Figueirense.
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Guto Ferreira fechou os portões do Beira-Rio, na manhã desta segunda-feira, antes do embarque para Florianópolis, a fim de remontar a equipe. E foi praticamente uma desconstrução. O novo treinador preferiu apostar na preservação dos titulares do que em arriscar perdê-los por longo período. O técnico pretende colocar um time bem mais forte em campo nesse sábado, quando o Inter receberá o Náutico, no Beira-Rio.
– O Inter fez 32 jogos na temporada e temos jogadores que fizeram 29. Seguindo nesse ritmo, vão estar com cerca de 70 jogos no fim da temporada. O cara tem que ser puro sangue para fazer em alta performance essa quantidade de jogos. Quem fizer isso, tem que estar iluminado para não se machucar – justificou Guto.
Mesmo preservando jogadores, Guto quer uma equipe mais agressiva em campo, diante de um Figueirense considerado um time leve e de bom toque de bola – mas que encontrará um gramado pesado, devido às chuvas das últimas semanas. O problema é que Guto mandará a campo um time desentrosado, com um meio-campo inédito na temporada, jogando no 4-2-3-1, com Charles e Fabinho, tendo logo à frente Pottker, Roberson e Carlos, com o ainda goleador da equipe no ano à frente: Brenner, dono de 13 gols. O modelo é o semelhante ao que foi utilizado por Guto no segundo tempo diante do Juventude.
– Vou adiantando que, dentro da planificação do trabalho, vamos ter algumas alterações na equipe. O meu trabalho é embasado em poder ir para o campo trabalhar. Se o cara só estiver jogando, não tem como. Trabalhando em cima do grupo, temos de ver todo mundo, sentir cada um. O momento de fazer isso é agora, não pode ser lá na frente. É o momento de utilizar, observar e encontrar alguma maneira de ter tempo para trabalhar a equipe – disse Guto. – Nós temos que buscar o equilíbrio. Nesse momento, não defino nem A e nem B. Estamos em um processo, então posso exercitar um sistema ou outro. O mais importante não é o sistema, é uma equipe forte – completou o técnico.
Assim como o Inter, o Figueirense passou por um processo de reconstrução. Mais tardio ainda do que o do Beira-Rio, uma vez que 15 jogadores foram contratados com o Campeonato Catarinense já se encaminhando para o final – o clube por pouco não ficou na zona de rebaixamento do Estadual, e acabou eliminado logo na primeira fase. Apesar das dificuldades da equipe de Santa Catarina, o comentarista do canal Sportv Carlos Eduardo Lino entende que o Inter não terá facilidade alguma no Orlando Scarpelli.
– A Série B sempre foi difícil. O Vasco sofreu com isso, a diferença entre Série A e Série B é apenas salarial. Não é técnica. Muitos times têm um trabalho contínuo – afirmou o analista catarinense. – O Figueirense é um time que deixa jogar, que está muito mais para o estilo da Série A do que para a guerreada Série B. Jorge Henrique (ex-Inter) é quem faz o time jogar. Me parece que para o Inter, poupar é o de menos. Deixar a pressão de Porto Alegre neste momento será bom. O emocional está pesando muito para o time. Guto faz o estilo amigão do vestiário e é um estrategista. O Inter precisa se reequilibrar – acrescentou Lino.
Apesar de ter um time inédito e desentrosado no Orlando Scarpelli, o comentarista da RBS TV Maurício Saraiva aposta que a equipe de Guto será mais solidária em campo:
– É um time competitivo, embora perca em qualidade com as saídas de Rodrigo Dourado e D'Alessandro. O time será solidário e jogará no limite por causa da necessidade e da cobrança.
O Inter corre um risco calculado e parece apostar em uma retomada de campanha a partir de sábado, em casa, contra o Náutico.
Inter, 32 jogos na temporada. Veja quem mais jogou:
Uendel – 29 partidas
Rodrigo Dourado – 28
Nico López – 24
D'Alessandro – 24
William Pottker – 23 (20 delas pela Ponte Preta)
Léo Ortiz – 22
Brenner – 21
Roberson – 21
William – 20
Danilo Fernandes – 19
Victor Cuesta – 17
Carlos – 16
Edenílson – 15 (seis delas foram pelo Genoa)
Carlinhos – 14
Charles – 12
Junio – 7
Fabinho e Klaus – 5
Danilo Silva e Ceará – 2
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