Éramos uns quinze. Espalhados pelo acostamento da Avenida Beira-Rio, acompanhávamos de longe a primeira atividade de Lisca Doido no comando técnico do Sport Club Internacional. Que momento. O primeiro treinamento comandado por aquele que é a nossa última esperan...
- AÊÊÊ SEGUNDONA!
Um carro. Rápido pela avenida. Janelas abertas e um berro na direção dos colorados. Ninguém respondeu nada. Seguimos acompanhando a movimentação dos atletas do Pior Inter da História no gramado do Parque Gigante.
A primeira parte do treino era uma atividade que eu adoraria ter feito nas minhas aulas de Educação Física no colégio. Em meio campo, dois times disputavam a bola na intermediária. Caso alguém conseguisse entrar na área do adversário, a coisa virava um 1x1. Atacante contra goleiro. Ariel chegou na cara do gol e...
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- UH, VAI CAIR! UH, VAI CAIR!
Esse passou buzinando. Naquele ritmo de buzinadinhas canalhas que a a gente dá quando está acompanhando o jogo na rádio e o nosso time faz um gol, sabe? Ariel chutou na trave.
À minha esquerda, agora, um senhor dava entrevista para a TV, falava da "grandeza do Inter" e de como "esses que estão aí no campo agora têm o dever de respeitar a história do clube". Achei bonito. Há uma certa beleza nessa melancolia que vivemos.
Lisca encerrava a atividade anterior e partia para um treino específico de finalização. Time de colete de um lado, time sem colete do outro. Na entrada da área, o jogador rolava a bola para o técnico, o técnico de volvia para o jogador e o jogador finalizava. E eles, em campo, iam contando qual time fazia mais gols.
Ao final da primeira parte desta movimentação, o time que estava do lado do Lisca perdeu. E, ao que parece, nos treinos de Lisca quem perde paga prenda. Os jogadores se abaixaram para começar a pagar algumas flexões de mão. O treinador os acompanhou, solidário aos seus comandados.
- DESISTEEEEEE! ACABOU PARA VOCÊS, Ô SÉRIE BÊ!
Meio corpo para fora da janela de trás da Kombi, este gritava e sorria. Passou cheio de graça e ouviu um "SÉRIE BÊ É A TUA VÉIA!" do senhor que até pouco dava a quase romântica entrevista para a TV.
Os times trocaram de lado e continuaram a chutar bolas no gol. A coisa seguia bem divertida (pelo menos para quem via de fora). Os jogadores se provocavam a cada gol feito ou chute torto. A coisa estava empatada até o último chute do time do lado do Lisca. Ariel na bola e...
- JÁ CAIU, MACACADA!
Não vi daonde este veio. Ariel meteu uma bucha. No ângulo. Uma coisa de louco. O argentino saiu ensandecido pelo campo, gritando e tirando a camisa. Enquanto isso, o Doido se ajoelhava no gramado e jogava as mãos para o ar. Estava aliviado de não ter que fazer flexões desta vez. Todos riram, no campo e no acostamento.
*Marcelo Carôllo é assistente na editoria de vídeos de ZH e colabora com o Blog Torcedor Colorado ZH
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