Restou pouco para o torcedor gremista se apegar. Na noite de sexta-feira, justo no 26 de novembro marcado pela Batalha dos Aflitos, o Grêmio foi derrotado pelo Bahia por 3 a 1 e viu sua situação ficar muito difícil na luta para permanecer na Série A do Campeonato Brasileiro.
A derrota veio com requintes de crueldade. Os mandantes abriram 2 a 0 em apenas 17 minutos com gols de Matheus Bahia e Raí em falhas do goleiro Gabriel Grando – Geromel também colaborou no segundo. Thiago Santos chegou a descontar na segunda etapa, mas Daniel definiu o placar a favor dos baianos nos minutos finais.
Com o resultado, o Grêmio chegou ao incrível número de 19 derrotas neste Brasileirão. É como se o clube tivesse passado um turno perdendo. Já são 35 rodadas dentro do Z-4. Uma campanha tão ruim parece ser um caminho sem volta para a Série B.
O Tricolor corre o risco até mesmo de ter o rebaixamento matematicamente confirmado na próxima rodada. Se houver vencedor no confronto entre Atlético-GO e Bahia, nesta segunda-feira (Goiânia), o Juventude bater o Bragantino, na terça-feira (Caxias do Sul), e o Athletico-PR, pelo menos, empatar com o Corinthians neste domingo (São Paulo), o Grêmio entrará em campo na quinta-feira para enfrentar o São Paulo, na Arena, sabendo que uma derrota irá decretar sua terceira queda para a Série B.
Diante desse terrível cenário e após um desempenho tão ruim em um jogo decisivo, não havia inimigos externos para o Grêmio apontar. A derrota aconteceu por erros próprios e não por arbitragem ou algo parecido. Vagner Mancini, no seu tom calmo, explicou sua decisão de iniciar com três volantes e apontou a falta de concentração como o maior problema gremista na partida.
— É uma noite difícil para se falar em razão do que se viu em campo. Um time que sabia de tudo que enfrentaríamos e que não soube responder. Entramos com três volantes para ter marcação no meio-campo. A intenção era ter corpo ali. Sabíamos que o Bahia iria tentar uma pressão, foi o que eles fizeram e erros sucessivos de ordem tática fizeram com que ficássemos atrás— afirmou ao justificar sua escalação.
— Tivemos entre altos e baixos, mais baixos que altos. Temos que reconhecer que não foi uma noite feliz do Grêmio. Jogamos menos do que deveríamos jogar independente do esquema. A concentração foi o ponto mais negativo na minha maneira de ver — seguiu.
De costumeiro discurso motivador e forte nas entrevistas, o vice de futebol Dênis Abrahão estava claramente abatido. O dirigente admitiu sua tristeza com a situação, mas garantiu que ainda confia na permanência na Série A.
— Muito triste, muito chateado, mas não joguei a toalha. Faltam três jogos e iremos com a grandeza do Grêmio. Honraremos a nossa camisa acreditando em evitar a queda para a Série B. São três jogos e temos que vencer os três. Matematicamente acreditamos que ainda é possível. Trabalharemos a partir de segunda-feira para tentar minimizar os erros e as deficiências apresentadas, que foram muitas, como disse o nosso treinador. Tudo isso será visto e analisado— reforçou.
Denis admitiu uma decepção com a respostada dada pelo elenco depois de todo o trabalho de mobilização feito pelo clube com os jogadores antes da partida.
— O que mais me preocupou foi o estado anímico da primeira meia-hora do jogo. Fizemos um trabalho muito forte, integrado com a área de marketing do clube, do futebol, com conversas individuais e coletivas. Mostramos que era um jogo decisivo para o nosso futuro. O que mais devemos fazer? Não sei o que aconteceu, se houve falta de comprometimento, não sei. A partir de segunda-feira conversaremos e vamos ouvir de cada um deles. Eles vão ter de dizer quais são os motivos. Tudo que foi pedido nós fizemos. Está tudo trabalhado, colocado à disposição. Viajamos antes, hotel maravilhoso, voo, tudo. Ensaiamos jogadas, analisamos o adversário, aí começa o jogo e há uma apatia. Esse não é o Grêmio que queremos — afirmou.
Como Dênis Abrahão, o presidente Romildo Bolzan. Jr tratou de reforçar a esperança na permanência. No entanto, o mandatário gremista garantiu ver o vestiário comprometido com o clube.
— Enquanto houver vida, há vida. Estamos em situação de extrema dificuldade. Somente uma situação de muitas coincidências seria suficiente para nos salvar. Mas primeiro temos que vencer as três partidas. Internamente todo mundo sabe o que tem de fazer e como se comportar. Temos que jogar pela dignidade do clube, pela alma e pela imortalidade. Fora disso não vejo nada mais a ser feito, pois temos um ambiente muito bom de trabalho, e os resultados precisam aparecer.
O grupo do Grêmio terá o final de semana de folga. A reapresentação está marcada para segunda-feira, dia que o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) irá julgar o caso da invasão de torcedores ao gramado da Arena após a derrota para o Palmeiras, em 31 de outubro. Há expectativa de que o Tricolor possa contar com público na Arena para o confronto com o São Paulo na quinta-feira.