Quando aceitou o convite para treinar o Grêmio, Tiago Nunes não fez nenhum pedido por reforços. Encontrou no vestiário da Arena o mesmo grupo que havia iniciado a temporada — incluindo o volante Thiago Santos e o lateral Rafinha, que sequer foram utilizados pelo técnico Renato Portaluppi. Nesta semana, porém, recebeu um enorme presente: Douglas Costa. Aos 30 anos de idade, o meia-atacante volta ao clube que lhe formou, depois de ter passado por Shakhtar Donetsk, Bayern de Munique e Juventus.
— Tive uma conversa muito superficial. Estou deixando ele à vontade para se adaptar com os companheiros para depois colher informações e alinharmos as expectativas. O Douglas Costa que a gente contratou não é o mesmo jogador que saiu do Grêmio. Agora ele está mais maduro, mas ainda tem entrega em alto nível e performance, além de ambição na carreira, como chegar à Seleção Brasileira e obter conquistas. Sobre a questão das lesões, não sabemos como foi, a rotina de treinamentos que teve lá na Europa, para saber porque aconteceram. Mas temos um departamento médico muito competente, que vai ter o máximo de cuidado para não termos ele apenas por um jogo, mas para a temporada toda — revelou o comandante tricolor.
Contudo, antes de ficar à disposição para estrear com a camisa gremista, o meia-atacante passará por um trabalho de aprimoramento físico. Apesar de não ter comandado um treino sequer com a presença do grande reforço, Tiago já começa a imaginar onde pode escalá-lo.
— O Douglas pode jogar em qualquer uma das posições do ataque. Tanto na direita, como na esquerda, como de camisa 9 ou por trás do nove. Ele tem repertório técnico, tático e maturidade. A gente vai ter que entender o que o momento vai nos pedir, quais serão as possibilidades estratégicas e onde a gente vai potencializar ainda mais o que ele tem. Se ele jogar de extrema, essa bola tem que chegar lá para ele ser este jogador de desequilíbrio. Se jogar como meio-campo ou segundo atacante, tem que se criar meios da bola chegar pelo eixo central ou pelas laterais, chegando nele com poder de definição vindo de trás. Temos que construir meios para potencializá-lo, mas o vejo com capacidade, pelo repertório, de jogar em qualquer uma das posições.
Independente da posição, já se sabe qual o número que Douglas Costa irá ter às costas. Logo que foi contratado, o próprio atleta fez questão de pedir a Jean Pyerre a camisa 10.
Sobre este segundo jogador, o técnico lembrou que já o comandou na categoria sub-15, em 2013, e comparou suas características de jogo com outro velho conhecido dos gremistas: Luan, que também foi treinado por Tiago no Corinthians, no ano passado.
O Douglas Costa que a gente contratou não é o mesmo jogador que saiu do Grêmio
TIAGO NUNES
técnico gremista
— Eles têm semelhanças, sim. São dois atletas fortes emocionalmente. Não são rápidos, por característica física, pela biotipia deles. São mais lentos, mas rodam bastante, fazem distâncias longas. Especificamente sobre o Jean, que conheci lá atrás, é um cara que continua tendo os atributos do passe longo, passe curto, da capacidade de girar em cima do marcador, a finalização próxima da área. É um organizador de jogo também. Um jogador com essa capacidade tem que tocar mais vezes na bola. Então, temos que criar meios para que ele possa ser mais efetivo e participar mais do jogo, não só na região de organização mas de finalização. E temos que entender quais atletas vão combinar com ele, porque o futebol de hoje não te permite que se tenha muitos jogadores de característica lenta. Tem que ter jogadores complementares para que eles possam render no mais alto nível — concluiu Tiago Nunes.