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A transferência de Pepê para o Porto está com tratativas muito avançadas. E, além dos 15 milhões de euros acordados na negociação, o clube português e o Grêmio também preparam um seguro para evitar prejuízos financeiros entre as partes por possíveis lesões no tempo em que o atleta permanecerá no Brasil.
Este seguro será pago pelo Tricolor, já que o atacante só se apresentará na Europa na janela de transferências da metade do ano. Além de resguardar os interesses dos clubes em caso de uma lesão grave, o seguro inclui também infecção por covid-19, que tem afetado, ainda que residualmente, o rendimento de alguns atletas.
Segundo Euler Victor, executivo de futebol da empresa japonesa DS Football, que capta e negocia atletas, seguros são muito comuns quando se trata de negociações que envolvem clubes de fora do Brasil.
— Quando uma equipe do Exterior contrata um jogador fora da janela europeia e não pode recebê-lo, seja pela cota comunitária ou até mesmo pela idade, como nos casos do Vinícius Júnior e do Rodrygo, nesse período que eles ficarão no Brasil, o clube precisa ter uma segurança. Eles vão estar viajando, disputando campeonatos, correndo o risco de lesões e doenças — ressaltou.
Com o objetivo de entender melhor esse trâmite, GZH ouviu diversos especialistas no assunto para sanar algumas dúvidas. Confira:
Tipo de seguro
Existem vários formatos de seguros que cobrem diversas necessidades: doenças pré-existentes, dano permanente, lesões, de vida, entre outros. Segundo o advogado carioca Marcos Motta, especialista em questões esportivas, o caso de Pepê é um dos mais comuns.
— É o que a gente chama de "invalidez permanente" e "invalidez temporária". Geralmente, como no caso do Pepê, as partes colocam no contrato quem será o beneficiário na contratação do seguro. Normalmente é o clube comprador, para que, caso o jogador se contunda, ele tenha um seguro — explicou.
Motta explica que a proteção não envolve lesões de baixa gravidade, mas sim algo que inviabilize o investimento feito:
— Lesões de cotidiano fazem parte do risco do negócio e também são, por vezes, cobertas por uma apólice de pagamento total ou parcial do salário.
Valor do seguro
O valor deste tipo de cobertura varia muito. De acordo com Euler, é difícil especificar um preço exato. Muitos pontos são levados em conta, como a idade do atleta, o valor da transação, a posição, o salário.
O que se pode afirmar é que eles são bem altos. Alguns podem chegar a 5% do valor da operação. Se for o caso de Pepê, por exemplo, o valor seria de 750 mil euros (quase R$ 5 milhões).
— Varia muito de atleta para atleta. É como se fizesse um seguro de carro. Valor, idade, histórico, tudo é levado em conta na hora do cálculo — observou Euler.
Empresas de seguro
Esses tipos de seguros são comuns na Europa. Mott explica que praticamente todos os jogadores brasileiros negociados com clubes de fora têm esse tipo de proteção. No entanto, em transações entre times brasileiros, não é uma prática usual. Por isso, é difícil encontrar empresas brasileiras que oferecem cobertura deste padrão.
— Não é fácil conseguir esse tipo de seguro no Brasil. Geralmente, são seguradoras europeias, que chamam de "riscos especiais". Mas é uma prática comum. Na Europa, praticamente todos os jogadores brasileiros têm esse seguro. Não é uma cultura no Brasil, dificilmente um jogador brasileiro faz um seguro em caso de invalidez permanente ou invalidez temporária — afirmou o advogado.
Euler lembra que, no Brasil, existem empresas que fazem seguros para jogadores, mas com outros tipos de coberturas. E que, em negociações internacionais, os clubes europeus já possuem uma empresa de confiança.
— Normalmente, os clubes europeus já têm uma seguradora parceira. Lá fora, fazer seguro para os atletas é muito comum — disse o executivo.
No caso de Pepê, a imprensa portuguesa afirmou que o nome da seguradora contratada pelo Porto não foi divulgada e é tratada com sigilo.