O prejuízo na parte física é notório para qualquer atleta que fica parado por um longo período. No caso do Grêmio, em razão do coronavírus, os jogadores, assim como os demais profissionais ligados ao departamento de futebol, foram mandados para casa para evitar o contágio. Desde 1º de abril, até o dia 20 deste mês, os profissionais estão em férias. Ainda assim, o clube deixou recomendações para que os jogadores não tenham tanta defasagem assim quando voltarem às atividades.
— Todo domingo eu entrego para eles uma série de trabalhos que podem ser feitos em casa. É um texto básico com exemplos de exercícios e uma programação para cada dia. Eles vão ver o que conseguem fazer de acordo com o local onde estão. Se mantiverem todos os dias um trabalhinho físico de abdominais, braços e pernas, para voltar já está muito bom — destaca o preparador físico do Grêmio, Márcio Meira.
O profissional foi contratado pelo clube na metade de janeiro, logo depois da reapresentação dos atletas para a pré-temporada. Ele conta que teve dificuldade para colocar os atletas na condição ideal para o início das partidas, já que teve pouco tempo de trabalho:
— Com 10 dias de treinamento, equipe nenhuma no mundo estaria preparada para seguir o ano com essa base. Porque essa primeira parte de trabalho, que é a pré-temporada, é a base para o ano todo. Não poderia jamais ser feita em menos de um mês. Jamais. E nós, aqui no Brasil, trabalhamos sempre dessa forma errada. Não foi um erro do Grêmio, nem meu, nem de ninguém, foi um erro de planejamento.
Até mesmo por isso, Meira entende que a parada trará prejuízos claros para a equipe que, aos poucos, estava ganhando o ritmo competitivo, algo necessário também no aspecto físico. Com a pausa, ele acredita que serão necessárias, ao menos, três semanas de trabalho para que os atletas recuperem a condição ideal.
— O tempo ideal de retreinamento seria de, no mínimo, três semanas. Mas eu colocaria um mês, porque começamos com atraso. Ao meu ver, o Grêmio não fez pré-temporada. Começamos a trabalhar no dia 9 de janeiro e no dia 22 estreamos no campeonato. Isso são 13 dias. Se você conta os dias que antecederam o jogo inicial, o Grêmio treinou 10 dias. Dez dias não posso considerar uma pré-temporada — disse o preparador físico.
A missão de Meira e dos demais membros da equipe de preparação física do clube no retorno às competições será deixar todos os atletas em condições semelhantes. O profissional explica que isso é fundamental para evitar lesões, cãibras e cansaço excessivo ao longo da temporada, três dos fatores que, na opinião do novo preparador físico gremista, indicam se o trabalho está sendo bem feito.
— Meu trabalho é pôr os jogadores em uma ideia mais homogênea possível, ou seja, todos estarem bem no seu condicionamento. Eles precisam correr, suportar os jogos e ter poucas lesões. Esses são fatores que determinam uma boa ou má condição física. O time não está mal fisicamente porque perdeu um jogo. Às vezes para uma derrota existem mil fatores. E o que pretendo aqui no Grêmio é competir e ganhar. A parte física tem o poder dela, é importante para o jogo, e quanto melhor a gente fizer mais chance de ganhar. Como estou em um clube vencedor, e muito, isso será importante — ressalta Márcio Meira.
O preparador físico ressalta, ainda, que a fisioterapia também é fundamental nesse momento em que os jogadores não são acompanhados diariamente:
— A fisioterapia tem um trabalho importante e nós demos recomendações para todos os atletas. Por exemplo, o Maicon tem sempre que cuidar do joelho (esquerdo), o Geromel fazer reforço para fortalecer o posterior (direito).
A última partida do Grêmio foi realizada no dia 12 de março, contra o São Luiz. Desde então já são 25 dias sem atividades para os jogadores, que ainda seguirão de férias até o dia 20 deste mês. Se os trabalhos forem retomados no próximo dia 21, como está previsto, o tempo total será de 40 dias sem treinamento de campo.