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Foi em um comunicado no Instagram que o futebol gaúcho ficou sabendo que um de seus ícones do Interior não vai mais jogar. Aos 40 anos, Alexandre, o Canhota Mágica, ídolo do Avenida e com ótimas passagens por outros tantos clubes, anunciou aposentadoria. Foram mais de duas décadas dedicadas ao esporte, quase sempre no RS, em uma carreira vitoriosa e típica de um jogador identificado com uma comunidade.
Alexandre Camargo conheceu como poucos o Estádio dos Eucaliptos, em Santa Cruz do Sul. No verde e branco do Avenida, usou seu pé esquerdo em faltas venenosas, escanteios com efeitos procurantes e chutes certeiros em uma dezena e meia de competições. Mas em um time que costuma jogar por um semestre, precisou também vestir outras camisas. Assim, morou de sul a norte do RS.
Tem um arco-íris de uniformes. Trajou o rubro-negro do Brasil de Pelotas e do Guarani de Venâncio Aires, o alvirrubro do Guarany de Bagé, do São Luiz de Ijuí e da Ulbra de Canoas, o rubro-verde do Santo Ângelo, o tricolor do Passo Fundo, o verde do Panambi, o azul e branco do Glória de Vacaria, do São José, do Cruzeiro e do Novo Hamburgo.
Fora do RS, esteve no Nova Mutum, que é do Mato Grosso, mas lotado de gaúchos, e no Concórdia, outra ponta do Brasil de bombachas. E fora do país, foram duas temporadas no Gil Vicente, de Portugal.
Mas depois de tanto tempo, cansou. Os cabelos e a barba ficaram grisalhos. A rotina pesou. Era hora de pensar no futuro.
— A decisão de parar foi minha. Já vinha pensando há algum tempo, alguns anos. Claro que não foi de um dia para o outro. Já estou numa idade, 40 anos, que, para quem joga no Interior, já está bom, como dizem. Já fiz o que pude, já ajudei os clubes por onde eu passei. Chega um certo ponto em que temos de tocar a vida, seguir em frente — contou a Zero Hora.
Deixa o futebol com belas recordações. As melhores e piores, no Avenida:
— O melhor momento da minha carreira, com certeza, foi em 2018. Chegamos à semifinal do Gauchão, o que é difícil para um clube do Interior.
A classificação para a semi teve a marca do camisa 10. Depois de empatar em casa em 1 a 1, o Avenida perdia por 2 a 0 no Centenário quando conseguiu reduzir o placar. Aos 44 do segundo tempo, pênalti. Alexandre bateu e converteu, classificando a equipe.
— Deixamos o clube classificado para Série D e Copa do Brasil do ano seguinte. E ainda em 2018, ganhamos a Copa FGF.
Foi a glória que custou 11 anos a aparecer. Em 2007, uma lesão o obrigou a fazer uma artroscopia. Era a despedida da Divisão de Acesso, proposta para fora do país. Teve de ficar quase meio ano parado, até assinar com a Ulbra.
Uma vida ligada ao futebol, porém, não tem simplesmente um corte. Por enquanto, quer aproveitar a filha, Lívia. Mas em seguida estará em ação:
— Largar, largar, o cara não vai, né? Sempre tem algum campeonato amador, um joguinho de amigos. Então tem de se preparar, manter o corpo em forma, porque dá para jogar um bom tempo ainda. Tirei uns dias para ficar com minha família, para pensar um pouco, dar uma descansada. Por enquanto, vou acompanhar os amigos e ficar na torcida pelos clubes onde passei. Tive uma conversa para abrir uma escolinha, mas vamos ver.
Sorte de quem for aluno do Canhota Mágica.