Matheus é a prova de que nunca se pode desistir. Ele começou no Inter e foi dispensado antes dos 16 anos. Não desistiu. Foi para o Grêmio e formou-se goleiro passando por duas das melhores escolas de goleiros do Brasil. O que indicava uma carreira luminosa, moldada para clubes gigantes e salários milionários. Só indicava. Porque ele passou uma década inteira perambulando por clubes do Interior. Não fez fortuna como se previa. Nem virou manchete. Mas não desistiu.
Em meio a essa caminhada, ainda levou uma rasteira do destino ao perder seu único irmão em um acidente improvável de skate. Rodrigo era o caçula e morreu na plenitude dos 20 anos ao cair de costas em Itapema, no litoral catarinense. Coube ao goleiro acordar os pais no interior de Lages, onde moravam, para dar a pior notícia que um pai e uma mãe podem receber. Uma pessoa normal sucumbiria. Não é o caso de Matheus. Ele, mais uma vez, não desistiu. Pelo contrário. Fez da ausência do irmão fonte de energia para vencer.
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Conversei por longo tempo com Matheus na semana do primeiro jogo da final. Entrei com cuidado nesse tema tão delicado. Desnecessário. Ele fala sem medo. Diz que falar do irmão o conforta, dá força, o anima a seguir em frente. Talvez por encarar a vida dessa forma Matheus tenha acabado o Gauchão como o melhor goleiro e personagem da conquista histórica do Novo Hamburgo. Mas talvez também seja porque ele persevera. Matheus, como você sabe, não desiste. E ele é um exemplo para todos nós.
*ZHESPORTES