Apesar de jovem, a Yeesco Futsal já é "gente grande" na modalidade. Depois da parceria com a tradicional Sercesa em 2023, quando foi criada, a equipe optou pela independência na atual temporada e restabeleceu um modelo de negócio que fez sucesso no futsal brasileiro, em especial nos anos 1990, quando empresas passaram a emprestar seus nomes para os times.
Sediada em Brusque, em Santa Catarina, a empresa Yeesco está no mercado como uma plataforma online de venda de roupas. Depois de fechar a maior parte das lojas físicas na pandemia, o empresário José Ademir Alves dos Santos resolveu concentrar esforços no e-commerce.
Para difundir a marca fora do ambiente digital, uma das ideias foi ingressou no mundo esportivo. Futebol? Muito caro. Vôlei e basquete foram opções estudas. Contudo, no futsal, seria possível montar uma equipe própria com o verba que havia disponível.
A cidade escolhida para receber o investimento foi Carazinho, no norte do Rio Grande do Sul, terra natal de Alves dos Santos. O orçamento anual para manter o time é de R$ 4,5 milhões e está entre os maiores do Estado na modalidade.
No passado, quem teve iniciativa semelhante no Rio Grande do Sul foi a Enxuta. O time de Caxias do Sul, que levava o nome de uma empresa de eletrodomésticos, foi multicampeão nos anos 1990 e já encerrou as atividades.
— A estratégia é fixação e divulgação da marca através do futsal, como fizeram a Enxuta, a Malwee (com o Jaraguá, em Santa Catarina), e a Perdigão (de Videira, também em Santa Catarina). Fazemos uma gestão com o olhar empresarial. Pagamos academia para os atletas, moradia, inclusive com apartamentos separados para os casados. Pagamos o aluguel do ginásio (do Sest Senat), que muitos times ganham das prefeituras. Tudo é pago — explica o CEO da Yeesco Futsal, o advogado Ruan Carlo Policeno.
Fazemos uma gestão com o olhar empresarial
RUAN CARLO POLICENO
CEO da Yeesco Futsal
Ascensão
A Yeesco Futsal está na final do Gauchão de Futsal. A definição do adversário — Guarany ou Atlântico — depende do julgamento do Tribunal de Justiça de Desportiva (TJD), previsto para esta quinta-feira (5). O goleiro João Paulo, do Atlântico, afirmou ter sido alvo de injúria racial em Espumoso, e a partida acabou interrompida no primeiro tempo da prorrogação, com o time de Erechim optando por não dar continuidade ao jogo.
Ao longo do Gauchão, os jogadores da Yeesco Futsal se destacaram pela qualidade. Nomes como Rick, Eric e Leo Borges e o goleiro João Paulo estão entre os expoentes individuais. O pivô, campeão da Liga Nacional com o Atlântico, inclusive, está mira de outros clubes, revela Policeno.
— Nós trouxemos o Rick da Polônia. Geralmente, os atletas fazem o caminho contrário. Pagamos 20 mil euros (R$ 127 mil) de multa. Deu quase R$ 150 mil com todos os encargos. Ele está sendo cobiçado por outros clubes. Mas aí bate na questão contratual. Colocamos a multa rescisória lá em cima. Se o clube tiver esse poderio... Ele tem contrato até o final de 2025 — explica o CEO.
Além de chegar à decisão do estadual, a equipe de Carazinho também foi à semifinal do Campeonato Brasileiro de Futsal, quando acabou eliminada pelo Apodi, do Rio Grande Norte.
Nós trouxemos o Rick da Polônia. Geralmente, os atletas fazem o caminho contrário. Pagamos 20 mil euros de multa.
RUAN CARLO POLICENO
CEO da Yeesco Futsal
Da temporada anterior, a Yeesco Futsal traz os títulos da Copa dos Campeões, da Taça Farroupilha Região Norte e da Série Ouro. No Gauchão, caiu nas quartas de final para a Uruguaianense, justamente o adversário que deixou para trás na semifinal de 2024.
— O pessoal que trabalhar na Yeesco é muita pressão. A pressão é do tamanho do investimento. Jogamos sempre para chegar na final, no mínimo entre os quatro. Obvio que ser campeão está no nossos planos. Mas temporada toda já é maravilhosa — complementa.
Futuro
O projeto da Yeesco Futsal seguirá em 2025. O objetivo é disputar o Brasileirão novamente e continuar filiado à Liga Gaúcha. Como uma das exigências para disputar o Campeonato Brasileiro é estar na Série Ouro, competição da Federação Gaúcha de Futebol de Salão (FGFS), não está descartado que o clube esteja nos dois estaduais, a exemplo do que fez o Atlântico.
A médio e longo prazos, outras iniciativas pairam no horizonte. Uma delas é consolidar uma torcida maior em Carazinho e região. O público que vai ao ginásio para acompanhar as partidas ainda é considerado pequeno. Outro projeto que pode sair do papel, mas a partir de 2026, é uma escolinha, para formação de novos atletas.