
A Polícia Civil concluiu a investigação a respeito de uma denúncia de suposto caso de racismo no jogo entre Inter e Sport, em 31 de março, pelo Brasileirão Feminino. O inquérito constatou que "não houve dolo discriminatório por parte da investigada, afastando tipificação por crime de racismo".
Uma jovem de 18 anos, que era atleta da base do Colorado, arremessou, na direção do banco de reservas adversário, um copo plástico que tinha uma casca de banana dentro. A defesa alegou que ela não percebeu o que havia dentro do copo.
A diligência foi comandada pela delegada Tatiana Bastos, da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI). Ao longo do inquérito foram ouvidas cinco atletas e o diretor do Sport, uma jogadora e um segurança do Inter. Além da suspeita do ato discriminatório, que teve seu contrato rescindido pelo Inter no mesmo dia.
De acordo com a Polícia Civil, as atletas do clube pernambucano relataram que "não ouviram quaisquer xingamentos ou insultos de cunho discriminatório no momento dos fatos". As imagens disponibilizadas pelo Sesc Protásio Alves, palco do jogo, também comprovaram que "o copo caiu entre as cadeiras e a casca de banana seguiu até o entorno do banco de reservas da equipe adversária".
A alegação da suspeita foi de que, por impulso após o gol de empate do Sport, "não percebeu a presença de uma casca de banana no copo que arremessou". A ex-jogadora do Inter ainda afirmou que não havia consumido banana, apenas paçocas distribuídas às atletas nas arquibancadas.
Com o encerramento do inquérito constatando que não houve crime de racismo ou injúria racial, a ex-atleta será enquadrada pelo crime de causar tumulto durante evento esportivo, em razão da mobilização de jogadoras, deslocamento da arbitragem e atuação de segurança no local. Neste caso, a suspeita pode pegar de um a dois anos de pena.
Posição da defesa
"Os advogados Eduardo Samoel Fonseca e Gilney Batista de Melo, responsáveis pela defesa da jovem, sustentam que a conclusão das investigações afasta toda especulação criada entorno do caso. Na visão da defesa, ficou comprovado que não houve nenhum delito contra dignidade. No máximo, poder-se-ia falar em arremesso de objeto previsto no art. 37 da Lei das Contravenções Penais, posto que para a ocorrência de tumulto demandaria vontade específica nesse sentido (encerrar o evento), além do resultado naturalistico, o que também não houve. A partida foi concluída dentro do tempo normal e sem nenhuma paralisação.
Com a ida dos autos ao Ministério Público, a defesa irá postular o arquivamento da investigação, ressaltam os defensores".
Veja o momento
Em 9 de abril, a reportagem de Zero Hora teve acesso ao momento em que uma jogadora do Inter, na arquibancada, atira um copo em direção ao banco de reservas do Sport. Uma casca de banana estava dentro do objetivo plástico e, a partir disso, houve uma denúncia de racismo por parte do clube de Recife.
A informação do copo surgiu a partir do vídeo encaminhado pelo clube à DP, no qual é possível ver a jovem atirando um objeto plástico.
Leia a nota da Polícia Civil
A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI), sob a coordenação da Delegada Tatiana Barreira Bastos, Diretora da Divisão de Proteção ao Idoso e Combate à Intolerância e titular da DPCI de Porto Alegre, concluiu o Inquérito Policial que apurava os fatos ocorridos no dia 31 de março de 2025, durante partida válida pela Série A1 do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino, entre o Sport Club Internacional e o Sport Club do Recife, no campo do SESC Protásio Alves, em Porto Alegre.
A investigação teve início após o arremesso de um copo plástico contendo uma casca de banana em direção ao banco de reservas da equipe pernambucana.
A autora do arremesso foi identificada como sendo atleta da base do Sport Club Internacional, a partir de informações prestadas pelo próprio clube, que colaborou com a investigação fornecendo imagens e dados de qualificação.
Durante a apuração, foram ouvidas cinco jogadoras do Sport Club do Recife, uma jogadora do Internacional (indicada pela defesa), o diretor do Sport Club do Recife, um segurança do Sport Club Internacional e a própria investigada. As atletas do clube pernambucano afirmaram que não ouviram quaisquer xingamentos ou insultos de cunho discriminatório no momento dos fatos.
Em interrogatório, a investigada declarou que agiu por impulso, aborrecida com o gol de empate do time adversário, e que não percebeu a presença de uma casca de banana no copo que arremessou. Afirmou ainda que não havia consumido banana, apenas paçocas distribuídas às jogadoras do Internacional na arquibancada. As imagens analisadas confirmaram que o copo caiu entre as cadeiras e a casca de banana seguiu até o entorno do banco de reservas da equipe adversária.
Com base nos elementos colhidos, a autoridade policial concluiu que não houve dolo discriminatório por parte da investigada, afastando a tipificação por crime de racismo. No entanto, a conduta foi enquadrada como crime de causar tumulto durante evento esportivo, previsto no art. 201 da Lei Geral do Esporte (Lei nº 14.597/2023), em razão da mobilização de jogadoras, deslocamento da arbitragem e atuação de segurança no local.