Depois dos atos no jogo contra o Grêmio, pela Ladies Cup, na última sexta-feira (20), as quatro jogadoras do River Plate detidas em flagrante por injúria racial, seguem presas em São Paulo.
Em contato com a reportagem de Zero Hora, a Segurança Pública de São Paulo, através de nota, informou que elas tiveram a prisão convertida em preventiva, após audiência de custódia, nesta segunda-feira.
Candela Díaz, Camila Duarte, Juana Cangaro e Milagros Diaz foram levadas para a 6ª Delegacia de Polícia, em São Paulo, após a partida, que ocorria no estádio do Canindé.
A câmera da transmissão do canal SporTV flagrou a meio-campista Candela Díaz fazendo uma suposta imitação de um "macaco" para um gandula. O fato aconteceu logo depois de o Grêmio empatar a partida, aos 34 minutos, e deu início a uma briga generalizada.
O jogo foi encerrado em virtude da expulsão de seis jogadoras do clube argentino, decretando a classificação das Gurias Gremistas, que também deixaram o campo por conta do caso. Além dos atos cometidos contra o gandula, atletas do próprio Grêmio denunciaram que foram vítimas de racismo.
Zero Hora tentou contato com a advogada, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.
Quais serão os próximos passos?
De acordo com o advogado criminalista e professor de Direito Penal, Marcelo Peruchin, ouvido pela reportagem, a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva ocorre a partir de um entendimento do Poder Judiciário de que, pelo menos, um dos requisitos do art. 312 do Código de Processo Penal está presente.
Este artigo prevê que: "a prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado".
Neste caso, a prisão preventiva não tem prazo estabelecido em lei. Ela terá duração enquanto for considerada necessária pelo Poder Judiciário. O advogado criminalista explica que existe uma regra no Brasil de que a cada 90 dias, o juiz deve revisar esta necessidade para verificar se é caso de manutenção ou não da prisão preventiva.
Os próximos passos indicam que caberá ao Ministério Público examinar os elementos colhidos no momento da prisão e determinar se haverá o oferecimento de denúncia.
É importante destacar que a prisão preventiva pode ser revogada a qualquer momento por meio de um habeas corpus. Nesta hipótese, será possível que atletas voltem para a Argentina. No entanto, a ação penal seguirá em andamento na comarca originária de São Paulo. Neste caso, conforme o advogado, as intimações passarão a ser feitas por carta rogatória dirigidas.
Punições ao River Plate
Por conta dos episódios, ainda no sábado, um dia após o fato, a direção da Brasil Ladies Cup confirmou a exclusão do time argentino da edição de 2024 e uma punição fatura. Houve a decisão de aplicar uma suspensão por dois anos do torneio.
Os fatos deste ano já terão repercussões imediatas para as próximas edições. A comissão organizadora decidiu por implementar uma nova diretriz: estará previsto em regulamento o banimento sumário de qualquer clube ou seleção participante, cujos atletas ou dirigentes executem gestos racistas no campo de jogo.
Posicionamento do clube
O River Plate manifesta o mais absoluto repúdio aos gestos discriminatórios ocorridos na partida com o Grêmio pela Brasil Ladies Cup 2024. Comunica que já está tomando as medidas disciplinares correspondentes e continuará trabalhando para erradicar esse tipo de comportamento.