
A maior Seleção Brasileira da história serve de inspiração para o atual time da Argentina. Quem faz essa análise é o ex-centroavante Hernán Crespo.
Em entrevista exclusiva a Zero Hora em Buenos Aires, o ex-técnico do São Paulo e do Defensa y Justicia lembrou que, a exemplo de Zagallo na Copa do Mundo de 1970, Lionel Scaloni encontrou um esquema onde é possível acomodar cinco camisas 10 na mesma equipe.
Tal qual o Brasil tricampeão mundial tinha Gerson, Pelé, Jairzinho, Rivelino e Tostão juntos, a seleção argentina também reúne cinco articuladores de origem no time.
— O meio-campo da Argentina encontrou um estilo e uma forma de respeitar o bom jogo. Embora não se diga muito, a Argentina repetiu um pouco o que o Brasil de 1970 fez. Aquele time jogava com cinco números 10. E a Argentina faz o mesmo, com Mac Allister, que era um número 10, Enzo Fernández, que é um número 10, Paredes, que nasceu como um número 10, De Paul, que nasceu como um número 10 e Messi — analisa.
Essência sul-americana
Campeão paulista pelo São Paulo em 2021 e detentor de seis títulos por quatro clubes de quatro países diferentes como treinador, Crespo elogia ainda a forma como Scaloni preserva a essência do futebol sul-americano na seleção argentina.
— Há um respeito pelo futebol sul-americano, por uma ideia de jogar onde você tem que ter a capacidade de adaptação dos jogadores e de poder fazer isso bem. E acho que a Argentina respeitou o futebol sul-americano desde a sua essência — completou.
Pós-Messi
Crespo também projetou o futuro da seleção argentina após a iminente aposentadoria de Lionel Messi e disse que o cenário será muito mais animador do que o pós-Maradona, que ele viveu como jogador.
— É uma situação diferente. O caso do Maradona foi abrupto. Foi um golpe que quase ninguém previa. Ou seja, aconteceu e era preciso se adaptar a esse golpe. Não apenas nós, mas também o povo, o público, o país. Não era fácil.
O ex-centroavante ressalta que a Argentina tem feito bons jogos mesmo sem a presença do seu principal jogador.
— Embora o Messi seja fundamental, os outros jogadores também são importantes e sabem jogar esses jogos — finalizou.
Carreira como técnico
Como treinador, Crespo é um dos únicos a conquistar títulos continentais em dois continentes diferentes, ao lado de Luiz Felipe Scolari e Marcello Lippi.
Após ser campeão da Copa Sul-Americana 2020 pelo Defensa y Justicia, o argentino também conduziu o Al-Ain-EAU ao título da Liga dos Campeões da Ásia 2023/24.