
Dorival Júnior nunca foi a feito a entrevistas espalhafatosas. Mesmo para o seu estilo low profile, suas declarações após a derrota do Brasil para a Argentina, nesta terça-feira (25), foram sintomáticas. Voz baixa e as respostas mais curtas em relação ao seu padrão marcaram suas declarações após o seu time levar 4 a 1, em Buenos Aires, na pior derrota brasileira na história das Eliminatórias.
Em um momento de crise, sua equipe ocupa a quinta colocação na classificação, o treinador assumiu a culpa pelo mau momento. Chegou, inclusive, a pedir desculpa ao torcedor pelo placar e pelo modo como sua equipe se apresentou.
— A responsabilidade é total. Nunca vou deixar de estar à frente de qualquer condição estando no comando de uma equipe ou seleção. É natural que ninguém esperava. A responsabilidade é toda minha. Tudo o que planejamos não aconteceu. A Argentina foi superior em todos os sentidos. Peço desculpas ao torcedor brasileiro.
Pressionado
Em termos estatísticos, seu desempenho até poderia passar sem causar terremotos. São duas derrotas em 16 partidas. Mas no trajeto há, além da goelada desta quinta-feira, há o empate com a Venezuela, e derrota para o Paraguai.
A Argentina lidera as Eliminatórias com 10 pontos de vantagem para o Brasil, após 14 rodadas. A Seleção ocupa a quarta colocação. Entre brasileiros e argentinos estão Equador e Uruguai.
Dorival chegou à Seleção após passagens interinas de Ramon Menezes e Fernando Diniz. Assumiu o cargo sob desconfiança e balança após uma atuação para esquecer.
Ele admitiu as dificuldades e também a pressão que sofre neste momento.
— Pressão é sempre grande. Nunca fujo das minhas responsabilidades. Natural tudo aquilo que programamos não aconteceu. Tenho que reconhecer o que foi o jogo. A equipe adversária, com merecimento, fez o resultado. Não tivemos nenhum sentido de reação. Difícil e complicado explicar uma situação como essa.
Apesar da situação delicada, Dorival reafirmou sua crença no seu trabalho. Porém, disse acreditar viver o momento mais frágil de sua carreira.
— Uma derrota marcante. Acredito muito no meu trabalho. É um processo complicado, difícil, não tenho dúvidas em afirmar que encontraremos um caminho. Talvez seja o momento mais delicado (da carreira), mas jamais desisti e sempre encontrei caminhos importantes nos clubes que dirigi.
O próximo compromisso do Brasil será contra o Equador, em junho. Ainda nesta data Fifa enfrentará o Paraguai.
Apesar dos múltiplos tropeços, é possível sair classificado para o Mundial nessas duas partidas. Não há garantias de que Dorival será o técnico da Seleção até lá.