
A taça do mundo ganhou vida e compareceu em pessoa à cerimônia de sorteio dos grupos da Copa, nesta tarde, na Costa do Sauípe. Lá estava a taça em carnes rijas e decote arfante, Fernanda Lima, uma deusa dourada que só precisou sorrir para ensolarar o evento da Fifa. Fernanda Lima, dentro de um vestido da cor do ouro, com sua pele de ouro, ela toda ouro puro, Fernanda Lima talvez tenha sido uma prefiguração do que será a Copa do Mundo no Brasil, em 2014: uma Copa dourada.
Porque a Copa do ano que vem será, no mínimo, tão exuberante quanto a Fernanda Lima iluminada de hoje. Todos os campeões do mundo pisarão nos gramados do Brasil, três deles em um único grupo, o tradicional grupo da morte que é montado em todas as Copas: Uruguai, Inglaterra e Itália, acompanhadas do azarão Costa Rica.
Já o grupo do Brasil foi como que encaixado na medida perfeita. México, Croácia e Camarões não são adversários horríveis, mas também não são desprezíveis. Há que se tomar cuidado com eles. E, na segunda fase, o Brasil poderá pegar o Chile de Vargas, a Espanha campeã do mundo ou a Holanda, que, em 2010... Bem, todos lembram do que aconteceu em 2010.
Agora, como arremate precioso, como azeitona no Martini seco, faíscam as seleções que os dedos delgados e gremistas da Fernanda Lima sortearam para jogar no colorado e rechonchudo Beira-Rio. Ali, entre a Padre Cacique e a Edvaldo Pereira Paiva, ali onde Claudiomiro marcou o primeiro de tantos gols em 1969, ali onde Figueroa fez o gol do raio de sol em 1975, ali onde Fernandão comandou a torcida cantando ao microfone em 2006, ali se apresentarão França, Holanda e Argentina e, talvez, Alemanha.
Como tudo pôde ter saído com tamanha perfeição? Não pode ter sido só sorte. Foram os eflúvios positivos de Fernanda Lima, a própria taça do mundo, a taça viva e dourada do mundo que o Brasil apresentou ao planeta, hoje, à beira do Oceano Atlântico.