Quem vê Caroline Zanini em meio a moldes, carretéis, tecidos e modelagens, nem imagina que o curso de moda não era a sua primeira opção. Depois de prestar dois vestibulares para Medicina, resolveu investir em outra área que a interessava, o Design de Moda.
- Sempre gostei da área, mas nunca levei muito a sério. O curso me surpreendeu, pois vi que a moda é um trabalho sério e bem objetivo - analisa.
Formada há quase um ano pelo IPA e empregada em uma fábrica que distribui modelagens para grandes redes, a porto-alegrense de 24 anos garante que o mercado de trabalho oferece boas oportunidades.
Graduação com descobertas
Quando optou por Design de Moda, Caroline conta que não tinha nenhuma prática na área. Diferente da maioria dos colegas, que já haviam passado por cursos técnicos ou básicos de corte e costura.
- Eu não sabia nem como montava uma peça, então avalio que é bem importante ter um conhecimento mínimo. Não que o designer de moda vá, necessariamente, sentar na frente de uma máquina e costurar. Mas proporciona uma base para ajudar nas criações - define.
Do estágio à profissão
O primeiro contato com o mercado de trabalho foi ainda antes da formatura, quando começou a estagiar na empresa Baduchi. Fornecedora para grandes lojas de moda, a fábrica proporcionou à então estudante uma visão bem ampla do processo produtivo. Da criação da estampa, passou pela modelagem, desenho da peça, atendimento a clientes, até tratativas com fornecedores de tecidos e aviamentos.
- Temos que colocar em prática tudo o que aprendemos no curso - afirma.
O estágio foi indicado por uma professora, no último semestre da graduação.
- É fundamental estagiar, mas ao mesmo tempo é bem difícil conseguir uma inserção. Minha dica, então, é manter uma boa relação com professores e colegas, para ampliar as possibilidades de indicações - recomenda.
Antes mesmo de se formar, em agosto de 2011, Caroline foi contratada - primeiro como assistente e, atualmente, como estilista.
Mercado em expansão
Um tabu derrubado por terra já nos primeiros meses de profissão é o de que nem sempre se consegue fazer peças mirabolantes, com tecidos diferentes e modelagem inédita.
- Temos que fazer peças que possam ser comercializadas, então, às vezes, o tecido não é o ideal para poder oferecer um preço adequado. É fundamental deixar todos os nossos gostos e preferências de lado, nos colocando como clientes, o que nem sempre é fácil - explica.
Depois de quase um ano atuando profissionalmente, a designer avalia o mercado de trabalho como promissor e indica:
- Trabalhar em fábrica é muito importante, pois dá uma visão bem realista do que tem no mercado - diz.
Opções diversas
Vagas para trainee também são uma boa maneira de começar. Estamparia, acessórios, ilustrações em revistas e mercado publicitário são algumas áreas que estão crescendo. Outra opção é a parte administrativa de empresas, lidando com compras de coleções.
- Aqui no Rio Grande do Sul, ainda estamos engatinhando. São Paulo, Paraná e Minas Gerais, por exemplo, têm mais opções e melhores salários.
Saiba mais
O curso de Design de Moda tem disciplinas teóricas e práticas. Entre elas, por exemplo, marketing, antropologia, ergonomia, psicologia da percepção e história da moda. Tatiana Laschuk, professora do UniRitter, explica que as aulas teóricas são fundamentais para embasar as práticas, como as disciplinas focadas no desenvolvimento de coleções.
Ao fim da graduação, o aluno deve ter desenvolvido habilidades na área de criação, modelagem, design têxtil e de superfície, além de desenho a mão livre e computação gráfica, gerenciamento, marketing e operacionalização do produto.
Hoje a moda ocupa o segundo lugar como o setor privado que mais emprega no país, de acordo com relatório da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, e vem ganhando cada vez mais espaço no mercado.
A atuação do profissional inclui toda a cadeia têxtil e do vestuário, desde o desenvolvimento da matéria-prima até o varejo. Isso significa que o designer formado pode trabalhar tanto na área de design têxtil, criando texturas e padronagens de fios e tecidos, quanto na confecção, podendo criar coleções ou gerenciar a criação, desenvolver modelagens, tendo como opção também trabalhar no marketing do produto, e no varejo, onde se dedicará à venda do produto final.