As provas do vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foram aplicadas neste final de semana. Nesta segunda e última parte, que ocorreu neste domingo (15), os alunos responderam questões sobre biologia, física, geografia, língua estrangeira moderna e química.
GZH conversou com professores do cursinho preparatório Fleming, que avaliaram as questões, destacando o que pode ter surpreendido aos alunos e o que já era esperado.
Confira a avaliação das provas:
Física
O primeiro ponto enfatizado pelo professor Sandro Lima foi que a prova teve a sua ordem alterada, trazendo questões de dinâmica (conservação de energia) antes da tradicional questão de cinemática que, neste ano, abordou o movimento acelerado.
— Destaco a questão de dinâmica sobre o feito da NASA, que colidiu um satélite em asteroides — detalha.
Ele também aponta que a prova ainda alterou a ordem ao colocar ondulatória no começo, deixando a questão de hidrostática para o final da prova, em uma questão "bem interessante" sobre aquecimento global. O professor aponta que o teste inseriu questões de termologia em maior número, cobrando os temas dilatação e termodinâmica.
— Encontramos questões tradicionais de óptica, eletrodinâmica e eletromagnetismo. Neste ano, tivemos duas questões de física moderna, uma a mais que no ano passado. Achei uma prova bem contextualizada e um pouco mais elaborada que no ano passado, mas a dificuldade ficou parecida — salienta
Química
Para o professor Léo Uhlmann, a prova de química foi "excelente" e estava dentro do esperado:
— A prova da UFRGS é muito caprichosa e igualmente distribuída. Um terço da prova foi de química geral, um terço de química orgânica e, depois, a parte de físico-química.
Segundo o professor, as questões de química geral cobraram bastante os fundamentos a respeito de ligações, conceito de número de prótons, nêutrons e elétrons. Ele ainda aponta que os fundamentos da prova também trouxeram número atômico, número de massa e geometria molecular.
— A prova de química orgânica, com uma esperada questão envolvendo o Prêmio Nobel de 2022, concedido a uma cientista mulher, que é a Carolyn Bertozzi, e que trabalha com reações de adição. Então, apesar de o contexto ser do Prêmio Nobel, ela foi uma questão bem de fundamentos, uma reação de adição.
Para ele, a prova de físico-química foi "muito legal", com bastante "continha para fazer", mas também com interpretação gráfica. E uma questão clássica de pilhas, no final.
— Eu avalio a prova como excelente. À princípio, nenhum problema com ela. Então, acredito que também os alunos tenham gostado, principalmente, valorizando aqueles alunos que que estudaram bastante — reflete.
Inglês
A professora Carina Falcão acredita que a prova deste ano se manteve "no padrão" das edições anteriores, trazendo questões de interpretação textual, classe de palavras, conjunções, referência pronominal, frases condicionais e sintaxe.
Além disso, ela aponta que a ordem dos textos e a temática se manteve, de acordo com o que foi visto nos anos anteriores. Ela destaca que, nesta edição, como o esperado, houve um primeiro texto "mais humano" e o segundo foi "um pouco mais científico".
— Certamente, o aluno que se preparou durante o ano, vai se dar muito bem, pois não tivemos surpresas com relação ao formato da prova.
Biologia
"A prova de biologia deste ano foi bastante conteudista, mantendo características que tinham acontecido na prova do ano passado e cobrando assuntos bastante específicos — salienta o professor Alvaro Silveira.
Ele destaca que a prova trouxe questões que falavam sobre metabolismos de planta C4, sobre rota metabólica, em que o aluno tinha que analisar alternativas, repletas de termos técnicos de biologia molecular. Silveira aponta que a questão de cladograma também apresentou "um pouquinho do termo de biologia molecular", para fazer a comparação na evolução entre espécies.
— Tivemos uma questão bastante interessante sobre células-tronco, que não foi de alta dificuldade. Já a genética fugiu um pouquinho da cobrança da segunda lei de Mendel e acabou cobrando heranças influenciadas pelo sexo, como é o caso da calvície — relata.
O professor ainda diz que as questões de botânica voltaram, depois de terem "sumido" no ano passado. Esta parte em si, de acordo com Silveira, falava sobre angiospermas, histologia vegetal e fisiologia vegetal, sendo "uma questão bem ampla", não cobrando apenas a sistemática, mas também outras características vegetais.
— Foi uma prova que, no fim das contas, teve questões de média e difícil complexidade. Provavelmente, a média continue baixa neste ano também, como aconteceu no ano passado — finaliza.
Geografia
O professor Rodrigo Vasques considerou que a prova foi de "excelente distribuição de conteúdos" e que contemplou o aluno "bem preparado". E, segundo ele, as questões podem ser divididas em dois blocos. De acordo com ele, o primeiro envolveu mais a geografia física, com cartografia, rochas, placas tectônicas, questões de climatologia, além de uma especial de mudanças climáticas. Houve, ainda ênfase no homem e no meio ambiente, bem como uma questão sobre a Copa do Mundo no Catar.
Já o segundo bloco, destaca Vasques, veio com questões mais voltadas para sociedade e meio ambiente, com abordando saneamento básico, relatório de impacto ambiental e a geografia do Rio Grande do Sul, com o bioma pampa e a região hidrográfica do Uruguai. Além disso, teve uma questão que exigiu conhecimento sobre a Matopiba, que é a fronteira agrícola entre o norte e o nordeste do Brasil.
— Mais uma vez, uma prova excelente, em que o aluno bem preparado vai pontuar bastante — reforçou.
Espanhol
O professor Kainan Lopes considerou "bem interessante" a prova deste ano , com mudanças em relação ao vestibular do ano anterior, uma vez que nenhum dos textos cobrados na prova está no gênero literário. Segundo ele, questões de operadores argumentativos, que pedem para completar lacunas com advérbios, locuções adverbiais, locuções prepositivas e preposições, caíram duas vezes nesta prova.
A prova, entretanto, não deixou de lado conteúdos clássicos, como referenciação de pronomes de complemento, acentuação, gênero de substantivo e reescrita de frases.
— Foi uma prova bem esperada, bem dentro do padrão das provas de espanhol da UFRGS e, principalmente, questões que abordam o texto. Em cada texto, tivemos duas perguntas referentes à leitura — enfatiza.
Lopes ainda destaca que, neste ano, não houve nenhuma questão de verbo, que costuma cair na prova da federal.
— Mas, de resto, são conteúdos que estão em todos os anos no vestibular da UFRGS — complementa.
O gabarito oficial das provas deste domingo poderá ser consultado na segunda-feira (16), a partir das 9h, no site do Vestibular da UFRGS.