
O diálogo entre o Cpers e a Secretaria da Educação permitiu que se chegasse a uma fórmula razoável para enfrentar a onda de calor que assola o Rio Grande do Sul neste final de fevereiro. Como as escolas têm realidades diferentes, seria absurdo uma medida linear de suspensão das aulas por causa do calorão.
A orientação da secretária Raquel Teixeira contempla os interesses de pais, professores e alunos, sem cair no simplismo de cancelar as aulas em todas as escolas em solidariedade às que têm problemas reais.
A Seduc também acerta em dar autonomia relativa às escolas. Os diretores sabem o que é melhor para os alunos e professores, mas terão de combinar medidas excepcionais com a Coordenadoria Regional de Educação. Juntos, a escola e a CRE podem definir se é melhor antecipar o horário de entrada e saída pela manhã e retardar o do turno da tarde, ou se é o caso de suspender atividades ao ar livre. A suspensão das aulas deve ser sempre a última opção, depois de esgotadas as alternativas intermediárias.
Convém lembrar que frio e calor extremos sempre existiram no Rio Grande do Sul. Com as mudanças climáticas, a tendência é de invernos mais frios e verões mais quentes e todos os setores terão de se adaptar. Com as escolas não é diferente. Assim como há escolas estaduais com ar-condicionado em todas as salas de aula, em outras não existem ventiladores ou mesmo cortinas para proteger as carteiras do sol.
Com o dinheiro do programa Agiliza, os diretores têm obrigação de comprar, pelo menos, cortinas para as janelas que recebem sol direto. Ventiladores também podem ser adquiridos com recursos desse programa, desde que a rede elétrica suporte a carga.
As direções das escolas também precisam pensar nos pais, que não deixam de trabalhar porque faz calor e não têm com quem deixar os filhos no horário escolar. É uma questão de bom senso.
A secretária Raquel Teixeira cita mais um ponto a favor da manutenção das escolas abertas, mesmo com alguma dificuldade: nas áreas mais pobres, a merenda escolar é, muitas vezes, a melhor refeição do dia. A criança dispensada da escola não vai para uma casa com piscina e ar-condicionado, nem tem um ambiente adequado para aulas remotas, que seriam uma opção ao modelo presencial.