Médicos que fariam o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira (Revalida) 2021 e profissionais contratados para participar dos atendimentos simulados durante a prova prática, no sábado (18), reclamaram de ocorrências logísticas que atrasaram as provas e impediram parte dos candidatos de fazerem os testes da segunda etapa do exame.
De acordo com relatos de atores e atrizes contratados para os atendimentos simulados, o grupo chegou ao local da prova, no Hospital de Clínicas, por volta das 7h30min, para receber treinamento. A prova estava prevista para iniciar às 12h. O primeiro atraso ocorreu já na portaria, pois não havia logística organizada para atender os profissionais. Depois de receberem um café da manhã considerado fraco — um lanche com suco, bolachinhas e paçoquinha —, eles comeram no próprio hall do hospital, sem cuidados com a questão da pandemia. Um dos atores contratados relatou que os responsáveis pelo treinamento não tinham todas as informações. No almoço, parte do grupo ficou sem comer por ser vegano ou vegetariano — não havia opção de refeição para estes grupos.
Com as confusões iniciais, o Revalida 2021 só iniciou às 14h e tinha previsão de ser encerrado às 21h, mas passou da meia-noite e ainda havia candidato fazendo a prova. Por conta dos atrasos da organização, parte dos atores e atrizes desistiram do trabalho e outros saíram às 21h, pois moravam em outras cidades. Isso acabou impedindo alguns médicos de fazerem as provas.
No final da tarde deste domingo (19), o Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção em Eventos (Cebraspe), que é a empresa responsável pela aplicação do Revalida 2021, divulgou nota para esclarecer as ocorrências relacionadas à realização das provas. Segundo o Cebraspe, 156 participantes do exame não conseguiram realizar a prova na data prevista em edital por "ocorrências logísticas pontuais" que inviabilizaram a aplicação de três rodadas das estações um a cinco. O Cebraspe afirma ter se mobilizado para garantir a realização das estações seis a 10 neste domingo.
A entidade, responsável pela aplicação do Revalida há 10 anos, desde a primeira edição, afirmou na nota que nenhum dos inscritos que compareceu ao local de prova, cumprindo todas as responsabilidades previstas no edital do exame, será prejudicado pelo ocorrido. Com registro em ata assinado por testemunhas que representaram os participantes, a instituição já se disponibilizou a arcar com todos os ônus e despesas relacionados a deslocamento, hospedagem e alimentação para realizar as estações em nova data, a ser informada posteriormente.
O Revalida é realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) desde 2011 e busca subsidiar a revalidação, no Brasil, do diploma de graduação em medicina expedido no Exterior. O objetivo do exame é avaliar as habilidades, as competências e os conhecimentos necessários para o exercício profissional adequado aos princípios e necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Já o ato de apostilamento da revalidação do diploma é atribuição das universidades públicas que aderem ao instrumento unificado de avaliação representado pelo Revalida.