Manifestantes do Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul - o CPERS - protestam nesta segunda-feira (23) no Estado e trancam as entradas de coordenadorias regionais de educação. Eles reivindicam uma reunião com a Secretaria Estadual de Educação em Porto Alegre. Na Serra, o acesso a 4ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), em Caxias do Sul, está bloqueado desde o início da manhã. Já as coordenadorias de Bento Gonçalves e Vacaria funcionam normalmente.
Além da pauta do parcelamento de salários, o protesto tem o objetivo de apoiar professores contratados em greve, que o governo do Estado afirmou que poderia demitir.
A coordenadora da 4ª CRE, Janice Moraes, dispensou na manhã desta segunda os funcionários que trabalham na coordenadoria em função da impossibilidade de trabalhar. Ela manifesta preocupação pelo fato de a folha de pagamento ser fechada nesta segunda.
A responsável pelo setor de RH da Coordenadoria, Simone Comerlatto, questiona o protesto do CPERS.
- Como ficam as pessoas que precisam enviar laudos médicos e os lançamentos na folha de pagamento? Se eles têm direito a fazer manifestação, nós temos o direito de trabalhar, como prevê a Constituição - afirma.
Transferência de alunos
A Secretaria da Educação orientou as coordenadorias regionais a fazerem um levantamento de escolas com vagas para que alunos de instituições em greve possam se transferir, principalmente com foco nos alunos do 9º ano do ensino fundamental e 3º ano do ensino médio.
O representante do 1º Núcleo Regional do CPERS com sede em Caxias, David Carnizella, questiona as transferências.
- Somos contrários. Se um aluno de uma escola que ficou 40 dias em greve vai para uma outra que não teve greve ou que teve 10 dias de greve, a outra escola não precisa revisar todo o conteúdo que o aluno não teve - argumenta.
Carnizella também afirma que, além dos alunos, isso impacta os professores porque, se muitos alunos deixam uma turma e ela encerra, o professor precisa ainda assim cumprir as horas. Conforme ele, além do remanejamento de alunos, teria de ser feito um remanejamento de professores, e isso ficaria ruim porque cada escola tem o seu planejamento.
A coordenadora da CRE afirma que todos os alunos podem se transferir para outra escola; ela destaca que isso é um procedimento normal e o que a CRE fez foi um levantamento para apontar as escolas onde há vagas. Conforme ela, a maioria das escolas que está funcionando têm lugares disponíveis e a transferência pode ser feita caso os pais solicitem. No caso dos alunos de escolas que estão fechadas, a CRE pode fornecer um atestado de vaga em outra escola em que o pai tenha interesse para fazer a transferência.
Recuperação de aulas
A 4ª CRE está recebendo planos de recuperação de escolas e fixou um prazo até a tarde desta segunda (23) para que as previsões de calendário sejam encaminhadas pelas direções, após estender o prazo que inicialmente era para a sexta-feira passada (20). Na manhã da última sexta, apenas uma escola havia enviado o seu plano, a Cristóvão de Mendoza, com calendário previsto até 14 de janeiro. Conforme Janice, mais escolas já enviaram seus planos. Ela ressalta que o prazo poderá ser estendido conforme cada caso, considerando também que ainda há escolas fechadas.
Em Bento Gonçalves, a 16ª CRE está fazendo a análise dos calendários. Nenhuma escola da região está parada totalmente. Existe a possibilidade de que duas escolas tenham aulas até a primeira semana janeiro - o Instituto Tiradentes, de Nova Prata, e a escola São Luiz Gonzaga, de Veranópolis - mas isso ainda depende de uma análise mais aprofundada.
Na região de Vacaria, sede da 23ª CRE, há possibilidade de que a escola José Fernandes de Oliveira, de Vacaria, tenha aulas em janeiro, mas isso também depende de uma análise mais aprofundada do calendário.