A Índia se prepara para lançar seu primeiro espacial mais ambicioso com a viagem a Marte, nesta terça-feira, de uma sonda desenvolvida em poucos meses e com baixo orçamento.
Após o fracasso, em 2011, da primeira missão marciana da China, a Índia, sua grande rival nessa área, quer marcar posição na história da exploração interplanetária como o primeiro país asiático a chegar ao Planeta Vermelho, a mais de 200 mil quilômetros da Terra.
A missão consiste em mandar ao planeta um satélite de 1,3 tonelada, o Mars Orbiter, com ajuda de um foguete de 350 toneladas da base de Sriharikota, na baía de Bengala, 80 km a nordeste de Chennai (Madras).
A sonda é provida de captadores destinados a medir a presença de metano na atmosfera de Marte, o que daria crédito à hipótese de uma forma primitiva deste planeta que reuniria condições similares às da Terra.
- Todas as missões interplanetárias são complexas. No caso de Marte, foram dedicadas a este planeta 51 missões no mundo, 21 delas bem sucedidas - explicou o diretor da Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO), K. Radhakrishnan.
Um êxito seria motivo de grande orgulho para o país de 1,2 bilhão de habitantes. Em 2008, uma sonda indiana permitiu a descoberta da presença de água lunar, 39 anos depois da façanha de Neil Armstrong, o primeiro astronauta a pisar na Lua.
Além disso, reforçaria a fama industrial e tecnológica da Índia, que produz o carro mais barato do mundo e se impõe como líder mundial da inovação de baixo orçamento.
A missão a Marte, iniciada em 2012, custou apenas 4,5 bilhões de rúpias (72 milhões de dólares), concebida com base no "Jugaad", um princípio tipicamente indiano que consiste em encontrar a solução menos onerosa possível.
O foguete que deve transportar o Mars Orbiter não é muito menos potente do que os utilizados para missões semelhantes. Os engenheiros da ISRO tiveram a ideia de colocar a sonda para girar ao redor da Terra durante um mês para que ganhe velocidade suficiente para escapar da força da gravidade terrestre.
- Não a subestimem por ser uma missão barata e pioneira - advertiu o jornalista científico indiano Pallava Bagla. - Está ali o Jugaad, está ali a inovação, e todo mundo busca fazer missões de baixo custo hoje em dia - assegurou.
Vários países lançaram missões espaciais a Marte, em especial Estados Unidos, Rússia, Japão e China.
A missão russo-chinesa fracassou em 2011 porque a sonda russa Phobos-Grunt, que devia colocar na órbita do Planeta Vermelho o satélite chinês Yinghuo-1, não chegou a tomar sua trajetória rumo a Marte.
A Nasa lançará em 18 de novembro uma nova sonda, Maven, para a camada atmosférica mais elevada de Marte, com a finalidade de entender melhor as razões do desaparecimento da maior parte de sua atmosfera.
Em sua chegada ao planeta em 2012, o robô Curiosity, da Nasa, uma espécie de pequeno jipe robô, equipado com dez instrumentos, conseguiu determinar pela primeira vez que Marte foi propício à vida microbiana em um passado distante, ao mesmo tempo em que descartou a possibilidade de presença atual de vida no planeta.
A contagem regressiva oficial para o lançamento da sonda indiana, denominada "Mangalyaan" (artefato marciano, em hindi) pela imprensa local, começou às 06h08min locais de domingo (23h08min de Brasília), coincidindo com a festa hindu das luzes, a Diwali. O lançamento está previsto para as 14h38min de terça (07h38min de Brasília).