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Entrar no mercado de trabalho é o objetivo dos alunos da terceira edição do Geração Caldeira. Não é, porém, o único interesse. Entre os 200 selecionados há os que buscam desenvolvimento pessoal, ampliação de conhecimentos e mesmo uma nova vida no Rio Grande do Sul.
Na quarta-feira (28), os escolhidos para a etapa final foram divulgados em um evento no hub do Instituto Caldeira, no 4º Distrito, zona norte de Porto Alegre.
O Geração Caldeira é destinado a jovens de 16 a 24 anos que tenham cursado ou estejam cursando o Ensino Médio na rede pública (ou particular com bolsa acima de 50%).
A partir de setembro, o grupo selecionado terá quatro meses de aulas presenciais na Capital e receberá ajuda de custo de R$ 3 mil. A novidade deste ano é que há cinco estudantes de outros Estados brasileiros na etapa final: São Paulo (dois), Paraíba, Santa Catarina e Minas Gerais.
Eles receberão R$ 6 mil para estudar de forma presencial, além do custeio da moradia.
— Estamos formando profissionais daqui e atraindo talentos de fora do Estado. A missão do Caldeira é ajudar o Rio Grande do Sul a se transformar em um polo de relevância nacional — afirma Felipe Amaral, diretor do Campus Caldeira.
Conheça a história de três dos aprovados
Do Nordeste para o RS
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Juan Victor Souza Ferreira Martins, 22 anos, é um dos cinco selecionados de fora do RS. Ele deixará João Pessoa, na Paraíba, para estudar a trilha Java.
O interesse pela programação teve origem no Ensino Médio, quando Juan Victor começou a desenvolver aplicações para a internet e dispositivos móveis, além de ter feito um curso na área de informática.
O Geração Caldeira foi uma indicação da namorada, que participou da primeira etapa do programa (online), mas não ficou entre os 200 selecionados.
— João Pessoa é bastante turística, a economia é voltada para isso, há poucas oportunidades de trabalho na programação. Por isso, trabalhei apenas home office: precisei ir atrás de programas e empresas de fora — diz.
O curso no Caldeira significará a primeira visita de Juan Victor ao Estado.
— É um polo de tecnologia muito forte, está cheio de pessoas dispostas a investir, a empreender e a inovar. Não tenho muitas coisas me prendendo aqui (em João Pessoa). Os colegas do Rio Grande do Sul e o Caldeira estão mais alinhados com o que acredito. Estou indo para ficar e fazer minha vida aí.
Em busca de comunicação e conexões
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Tobias Pinheiro Souza da Silva, 23 anos, conheceu o Caldeira por meio da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, onde trabalhou por cinco anos. Morador do Morro Santana, na Capital, o jovem já havia se formado em um curso técnico de Publicidade e Propaganda, mas buscava outra formação na área.
— Gosto de me comunicar, de me expressar, conversar com as pessoas. Não sou de ficar parado, sempre estou “caçando” o que fazer para me aprimorar. Vi no Geração Caldeira uma oportunidade de desenvolver meu lado da comunicação, que é no que quero trabalhar — conta.
No Geração Caldeira, Tobias será um dos alunos da trilha Marketing e Design. Para ele, a rede de contatos com colegas e membros do instituto foi o destaque até o momento; a expectativa é que a fase final seja um “divisor” na vida do estudante:
— O que espero é crescer profissionalmente e estabelecer mais conexões, porque conhecer gente nova me motiva. Espero aprender mais para me tornar um grande comunicador.
Inspiração em casa
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Laís Lopes, 19 anos, teve de esperar um ano para entrar no programa. Ela conheceu o Geração Caldeira em 2023, quando o namorado participou das atividades.
À primeira vista, não se interessou, pois acreditou que a iniciativa oferecia apenas conteúdos de programação, área com a qual diz não ter afinidade. Observou melhor as trilhas e se interessou por Marketing e Design.
— Me inscrevi no primeiro dia porque vi a diferença que o Geração Caldeira fez na vida pessoal e profissional do meu namorado. Mudou a perspectiva de futuro dele: estava se transformando, crescendo, então pensei que queria isso para mim também — relata Laís.
Além de aperfeiçoar a parte profissional da área, a rotina do programa fez a jovem desenvolver outras habilidades:
— Sempre fui tímida, não conseguia falar um “bom-dia”. Com o Caldeira, desenvolvi muito a minha fala. Consegui também ver que posso unir educação, algo com o qual sempre quis trabalhar, com o design, que amo.
Sobre o Geração Caldeira
O programa conta com o apoio da Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul e tem como mantenedores os Institutos Helda Gerdau, Jama, SLC, além da Fundação A.J. Renner, Banrisul, Oracle, Randoncorp e Sebrae.
A primeira edição, em 2022, formou 50 estudantes; em 2023 foram 200. Neste ano, 7,5 mil se inscreveram no Geração Caldeira.
Os jovens têm acesso a eventos, empresas e espaços físicos do Caldeira, realizando uma imersão no ecossistema de inovação e nova economia. Ao final do programa, eles serão encaminhados para processos seletivos exclusivos em empresas parceiras.