
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 3,4% no ano passado frente a 2023. Em valores correntes, totalizou R$ 11,7 trilhões em 2024. A informação foi divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (7).
O crescimento foi superior ao observado em 2023, quando a atividade do país cresceu 3,2% — o dado foi revisado, já que anteriormente o IBGE havia divulgado uma expansão de 2,9%.
O avanço de 3,4% é o maior desde 2021 (4,8%), quando a base de comparação com 2020 era fragilizada pela pandemia.
Entre os setores, serviços (3,7%) e indústria (3,3%) subiram em comparação a 2023, enquanto a agropecuária recuou (-3,2%).
O PIB per capita alcançou R$ 55.247,45, um avanço, em termos reais, de 3% frente ao ano anterior.
O quarto trimestre de 2024 apresentou variação positiva de 0,2% frente aos três meses imediatamente anteriores, disse o IBGE.
— No quarto trimestre de 2024 o que chama atenção é que o PIB ficou praticamente estável, com crescimento nos investimentos, mas com queda no consumo das famílias. Isso porque no quarto trimestre tivemos um pouco de aceleração da inflação, principalmente a de alimentos. Continuamos tendo melhoria no mercado de trabalho, mas com uma taxa já não tão alta. E os juros começaram a subir em setembro do ano passado, o que já impactou no quarto trimestre — explica a pesquisadora Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
No Relatório Focus divulgado pelo Banco Central (BC) na última quarta-feira (5), as estimativas da maioria dos cerca de cem economistas consultados ficavam em 3,5%.
Setores
Na indústria, a atividade de construção foi o destaque positivo ao registrar alta de 4,3% em 2024, em função do crescimento da ocupação na atividade, da produção de insumos típicos e da expansão do crédito.
A queda na agropecuária (-3,2%) reflete o desempenho da agricultura. Efeitos climáticos adversos impactaram várias culturas importantes da lavoura que registraram queda na estimativa anual de produção e perda de produtividade, tendo como destaque a soja (-4,6%) e o milho (-12,5%).
Pela ótica da demanda, destaque para a despesa de consumo das famílias, que avançou 4,8% em relação a 2023.
— Para o consumo das famílias tivemos uma conjunção positiva, como os programas de transferência de renda do governo, a continuação da melhoria do mercado de trabalho e os juros que foram, em média, mais baixos que em 2023 — explica a pesquisadora Rebeca.
Lula comemora resultado
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, comemorou o crescimento de 3,4% do PIB em 2024, apesar de o número ter sido pior do que ele próprio previa. Lula falou em diversos discursos recentes que a economia brasileira se expandiria 3,8% no ano passado.
Depois da divulgação dos dados do IBGE, o perfil do presidente no X, antigo Twitter, publicou imagem de uma notícia sobre o avanço de 3,4% na economia.
"PIB crescendo é mais emprego e renda na mão dos brasileiros e das brasileiras. 2025 é o ano da colheita", afirmou Lula. Além disso, a postagem inclui um emoji de trevo de quatro folhas.
Lula disse em diversas oportunidades nas últimas semanas, porém, que a economia cresceria mais do que realmente cresceu, de acordo com os dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira.
— Quando é que a economia voltou a crescer acima de 3%? Quando eu voltei à presidência. Cresceu 3,2% em 2023 e vai crescer 3,8% em 2024 — afirmou o petista em entrevista à TV Record de Santos em 27 de fevereiro.
Três dias antes ele havia dado declaração semelhante:
— Entramos no governo, a economia ia crescer 0,8% e cresceu 3,2%. No ano passado 2024, ia crescer 1,5%, vai crescer 3,8% — disse Lula em discurso em Rio Grande (RS).