
Os Estados Unidos passaram a cobrar, a partir desta quarta-feira (12), tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio. A medida entrou em vigor um mês após assinatura de decreto pelo presidente Donald Trump e vai atingir o setor siderúrgico de grandes parceiros comerciais, como o Canadá e o México. O Brasil, que ocupa o posto de segundo maior fornecedor de aço para os EUA, também será impactado.
Nesta quarta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve se reunir com empresários do setor do aço, segundo o jornal Folha de S.Paulo. Além disso, estão previstas reuniões internas ao longo do dia no Itamaraty e no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior para avaliar os efeitos das tarifas e possíveis alternativa. Em paralelo, o governo pretende seguir com encontros virtuais de nível técnico com integrantes da equipe do presidente norte-americano.
Especialistas apontam que a medida pode afetar duramente a produção e o emprego no país, mas que eventuais negociações podem mitigar os efeitos.
Segundo o economista e professor da Universidade Feevale José Antônio Ribeiro de Moura, caso não exista um avanço em acordos para amenizar o aumento, a sobretaxação tem potencial de prejudicar a produção de aço no Brasil, afetando a atividade econômica do país:
— Se não tiver solução, um acordo, vai esbarrar na questão da produção. E com menos produção, afeta o emprego, impacta o PIB. Isso, realmente, tem um dano econômico sério, porque é um segmento bastante importante, que afeta vários setores, como a construção.
José Augusto de Castro, presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), afirma que haverá um cenário de "perde-perde". De um lado, o exportador perde competitividade com produtos sobretaxados. Do outro, o importador americano compra itens mais caros e precisa repassar parte do aumento para sua cadeia. Com isso, gera um desestímulo para a produção, menos mercadorias no mercado, inflação e desaceleração da economia, de acordo com Castro.
No Brasil, o presidente-executivo da AEB, afirma que o efeito pode ser pulverizado, afetando a indústria de diferentes maneiras.
— Alguns setores vão ter uma elevação de custos e dificuldade de repassar esse aumento. Outros ramos vão ter que reduzir a produção, porque você não vai ter demanda para comprar aquela produção que se pratica hoje. E pode surgir um terceiro fator, que seria a troca de mercado, perder o mercado que anteriormente tinha sido conquistado — observa.
O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os EUA, com 4 milhões de toneladas, representando 15,57% — o Canadá é o primeiro, com 5,9 milhões e participação de 22,7%.
Em relação ao alumínio, o Brasil é o 14º maior exportador, com 0,04 toneladas — 0,78% do total adquirido pelos Estados Unidos. O Canadá lidera com 3,1 toneladas e 58,07% de participação.
Ao todo, cerca de 25% do aço utilizado nas indústrias dos EUA é importado. No caso do alumínio, cujo principal exportador para o país também é o Canadá, essa parcela é de 50%.
Trump já havia aplicado a medida no seu primeiro mandato, entre 2017 e 2021. Em 2018, ele estabeleceu 25% sobre importações de aço e 10% em relação ao alumínio, mas excluiu México e Canadá.
O Brasil conseguiu um acordo estabelecendo cotas de importação isentas da tarifa. Em 2022, Joe Biden revogou as taxas sobre o aço.