Após fechar 2024 com salto expressivo, o comércio de veículos novos começou 2025 com movimento positivo na comparação com a largada do ano anterior. A venda de veículos zero quilômetro cresceu 16,09% em janeiro ante o mesmo período de 2024. Além disso, o primeiro mês deste ano apresentou o maior número de emplacamentos para o mês desde 2019.
Entrada de novas marcas no mercado, grande estoque de veículos novos e promoções realizadas por concessionárias estão entre os principais motivos que explicam essa alta, segundo o setor (entenda abaixo).
Em janeiro, o Rio Grande do Sul anotou 9.241 emplacamentos de automóveis e comerciais leves (grupo que inclui picapes e outros veículos de carga e de passageiros). No mesmo período de 2024, foram comercializados 7.960 veículos dessa categoria. Os dados são do Sincodiv-RS/Fenabrave, entidade que representa concessionárias e distribuidoras.
Levando em conta todos os tipos de veículos, incluindo caminhões, ônibus, motos e implementos, o total de vendas saltou de 12.726, em janeiro de 2024, para 14.857, em janeiro deste ano — alta de 16,75%.
Ambiente competitivo
O presidente do Sincodiv-RS/Fenabrave, Jefferson Fürstenau, afirma que o bom resultado de janeiro, em comparação com o mesmo mês do ano passado, é explicado por uma série de fatores, como estoque elevado de veículos zero e maior número de marcas no mercado. Com isso, existe um ambiente mais competitivo e com maiores possibilidades de oferta, mesmo com juro e dólar altos, afirma o dirigente.
— Isso só está acontecendo porque tem uma competição maior e tem veículos que foram produzidos e não foram vendidos no ano de 2024. Então, toda vez que tiver uma produção maior, a indústria pressiona o mercado e as concessionárias e entram promoções que facilitam. O consumidor, na verdade, é que está levando vantagem nesse momento, porque ele tem promoções maiores — avalia.
O economista Raphael Galante, da Oikonomia Consultoria Automotiva, afirma que há fatores nacionais que também atingem o Rio Grande do Sul dentro do contexto de números positivos em janeiro.
— A economia no ano passado foi boa, com crescimento do PIB em 3,5%. Isso foi atrelado à indústria e ao consumo. Este início de ano ainda é rescaldo. Este ano, com previsão de PIB menor e uma economia mais contracionista, será mais "duro" — afirma Galante.
Comparando janeiro com dezembro, a venda de automóveis e comerciais leves apresentou queda de 32,72%. O presidente do Sincodiv-RS/Fenabrave diz que esse movimento é sazonal na passagem entre os dois meses, afetado por fatores como o período de férias.
Próximos meses
Em 2025, o setor automotivo convive com uma série de pressões que aumentaram nos últimos meses. Inflação, juro alto e câmbio elevado — mesmo com queda recente — geram uma certa incerteza sobre o tamanho do avanço neste ano.
Em relação ao dólar, que tem peso importante na composição de preços dos carros, o fato de o ramo ainda contar com um estoque elevado ajuda a segurar a alta nos valores, de acordo com o presidente do Sincodiv-RS/Fenabrave. No entanto, esse cenário pode mudar ao longo do ano, considera o dirigente.
— Mesmo com o dólar alto, esse estoque apressado não está deixando o automóvel subir de preço, o que é uma vantagem para o consumidor. Agora, tem que ver até onde vai esse estoque, que tamanho é esse estoque.
Fürstenau estima que o ramo deve apresentar nova alta em 2025, mas abaixo do salto expressivo de 2024, quando avançou 18,7%, levando em conta todas as categorias. Para este ano, o presidente estima avanço na casa dos 5%.