Enquanto o Congresso debate a criação de um teto de juros para o rotativo do cartão de crédito, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, confirmou nesta quinta-feira (10) que a modalidade deve deixar de existir.
Segundo ele, o grupo de trabalho — formado pelo BC, governo e bancos — deve encaminhar nos próximos 90 dias solução com o fim do rotativo.
— Sem rotativo, a fatura não paga iria direto para o parcelado. Deve ser anunciado nas próximas semanas. Deveríamos ter feito antes medidas para solucionar rotativo — afirmou o presidente do BC, em arguição pública no plenário do Senado.
Em junho, os juros desse tipo de crédito chegaram a 440% ao ano, a maior taxa do mercado financeiro. Segundo o Banco Central, equivale a taxa de juros de 15% ao mês.
Ainda de acordo com Campos Neto, em substituição ao rotativo, o Banco Central avalia enviar o devedor diretamente para um parcelamento desse saldo — com juros de cerca de 9% ao mês.
Campos Neto destacou que o limite semelhante de juros de cheque especial atingiu o objetivo da medida.
— Reconheço que o juro do cartão de crédito é um grande problema. O parcelado sem juros ajuda a atividade, mas tem aumentado muito as parcelas. Com exceção da China, nenhum outro país teve aumento tão grande em cartões como o Brasil. Estamos estudando soluções para número de cartões, mas reduzir cartões pode prejudicar varejo — avaliou Campos Neto.
Reforma tributária
O presidente do Banco Central destacou ainda a importância de se aprovar a reforma tributária, que já foi votada em dois turnos na Câmara dos Deputados, e se inicia a tramitação no Senado.
— A reforma tributária é muito importante para o país, no que esteve ao meu alcance conversei com as pessoas para convencê-las. Temos várias disparidades na tributação, não sei se vamos conseguir consertar todas, mas a proposta que está tramitando é melhor do que o sistema que temos hoje — afirmou.
Segundo Campos Neto, a simplificação do sistema tributário brasileiro vai contribuir no médio prazo para o aumento da eficiência da economia.
— Eu tenho apoiado a reforma tributária — enfatizou.