Após o terceiro mês consecutivo no azul, o Rio Grande do Sul fechou o primeiro trimestre deste ano com resultado positivo na geração de emprego com carteira assinada. O Estado criou 42.241 vagas nesse modelo no agregado dos três primeiros meses de 2023. Em março, o saldo ficou em 12.169 postos. Os dados são do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho na tarde desta quinta-feira (27).
O saldo do primeiro trimestre é o resultado entre 405.249 contratações e 363.008 demissões no período. O número de vagas abertas no acumulado do ano é cerca de 23% menor do que o observado no mesmo período do ano passado, quando o Estado gerou 54.767 vagas, conforme dados ajustados. Já o mês de março deste ano foi superior em saldo na comparação com o mesmo mês de 2022 (11.078).
A coordenadora do Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Lodonha Maria Portela Coimbra Soares, afirma que a desaceleração ocorre após a geração de emprego atingir níveis mais elevados nos últimos anos:
— Teve um processo de recuperação sobre uma demanda reprimida. Agora, estamos observando uma acomodação.
A economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, cita o efeito da taxa de desemprego em patamar mais baixo nesse processo. Segundo a especialista, as opções de contratação das empresas reduzem nesse cenário, o que afeta a geração de vínculos líquidos positivos:
— É natural esse processo de acomodação. Além disso, temos uma desaceleração em curso na economia, o que justifica a perda de fôlego do mercado de trabalho.
No Estado, a indústria lidera entre os setores no trimestre, com a criação de 21.581 postos no período. Dentro desse segmento da economia, os ramos de fabricação de produtos de fumo, preparação e fabricação de produtos de couro e de itens alimentícios estão entre os destaques. A professora da UCS afirma que o fato de o Estado ter uma agroindústria forte e polos importantes ajuda a explicar os números do setor.
Em seguida, aparecem serviços (14.679) e agropecuária (5.093). A construção gerou 1.572 vagas. Já o comércio apresentou o único resultado negativo, fechando 684 postos.
A economista-chefe da Fecomércio afirma que o comércio costuma dispensar trabalhadores temporários no primeiro trimestre. Além disso, ela destaca que, mesmo negativo, o setor “desacelerou na destruição de postos” no primeiro trimestre de 2023 na comparação com o mesmo período do ano passado, quando fechou 3.838 vagas:
— Em termos comparativos, o resultado do primeiro trimestre de 2023 foi muito menos negativo do que o primeiro trimestre de 2022. E isso aconteceu essencialmente porque tanto atacado quanto varejo, com destaque para supermercados e hipermercados, performaram muito bem em contratações em março.
Em relação ao setor de serviços, Patrícia salienta que o setor “é composto de atividades essencialmente empregadoras de mão-de-obra”. A economista avalia que o volume observado no setor não se trata mais de recuperação, mas sim “crescimento líquido de fato”.
País
Em movimento semelhante ao regional, o mercado de trabalho formal apresentou resultado positivo no país no fechamento do primeiro trimestre, com saldo de 526.173 postos com carteira assinada. O resultado ocorre após a abertura de 195.171 vagas em março.
O saldo observado no primeiro trimestre decorre de 2.168.418 admissões e 1.973.247 desligamentos no período. Mesmo no azul, o saldo do emprego formal no país também está em patamar abaixo do observado no mesmo período do ano passado, quando ficou em 619.318 postos. A diferença representa queda de 15,03% neste ano ante o recorte dos três primeiros meses de 2022. No entanto, o resultado de março é maior do que o do mesmo mês do ano passado (98.786).
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, afirmou que o saldo de março veio com uma “pequena surpresa positiva”. Ele citou o efeito da retomada das cerca de 14 mil obras no país nos números mais recentes:
— Mas não esperava que elas (obras) fossem surtir efeitos já em março. Temos obras de transporte de cargas e infraestruturas que estão influenciando o número de março.