Após resultados negativos na primeira metade do ano, a economia do Rio Grande do Sul voltou a ficar no azul. O Produto Interno Bruto (PIB) do Estado cresceu 1,3% no terceiro trimestre de 2022 na comparação com o segundo trimestre.
Os três principais setores da economia registraram desempenho positivo, com destaque para a agropecuária, que apresentou recuperação após tombo nos meses anteriores. Ante o mesmo período do ano passado, o PIB apresenta queda de 2,8%.
A alta mais acentuada na comparação com o trimestre anterior ficou por conta da agropecuária, com avanço de 41,8%, seguida da indústria e dos serviços (veja mais abaixo).
— Esse movimento já mostra que muito provavelmente o pior momento de 2022 já passou, com a estiagem quase totalmente contabilizada — destacou o economista Martinho Lazzari, chefe da Divisão de Análise Econômica do DEE.
O economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, afirma que os números positivos nos abates de aves e suínos ajudaram o PIB do agronegócio gaúcho no terceiro trimestre. Luz também lembra que o resultado do terceiro trimestre tem peso menor no setor, porque essa época do ano não conta com os efeitos das principais culturas cultivadas no Estado. O economista explica que o percentual expressivo em relação ao trimestre imediatamente anterior ocorre diante de uma base deprimida pela estiagem:
— Crescer contra o segundo trimestre é fácil. Teve um fosso no segundo trimestre com a safra que deveria entrar e não entrou.
Dentro da indústria, a indústria de transformação, segmento mais representativo do setor no Estado, registrou alta de 0,6% na comparação entre terceiro e segundo trimestre. O economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), André Nunes de Nunes, afirma que o desempenho da indústria ocorre diante da heterogeneidade entre ramos:
— Na indústria de transformação, vejo o segmento de máquinas e equipamentos e de veículos automotores se recuperando em relação aos outros anos por conta da normalização das cadeias de suprimento. Por outro lado, aqueles segmentos que se beneficiaram em outros momentos, como os de bens duráveis, de produtos de metal, móveis, têm apresentado resultado mais tímido.
Os dados de julho a setembro apontam desempenho superior do Estado ante o Brasil (+0,4%), na comparação com o trimestre imediatamente anterior. Já em relação ao mesmo período do ano passado, o Rio Grande do Sul apresenta performance pior do que a média nacional (-2,8% contra +3,6%). No acumulado do ano, até setembro, a queda no PIB do Estado é de 6,6%, enquanto no Brasil a alta é de 3,2%.
Próximos trimestres
O professor da Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS Maurício Weiss afirma que o cenário para os próximos meses é de incerteza e com desaceleração da economia. Na parte de serviços, Weiss destaca que o setor tem menos espaço para recuperar em relação à primeira metade do ano. Já a indústria pode sofrer impactos da desaceleração da economia observada em diversos países:
— Tem que verificar a questão da atividade econômica do Brasil como um todo. Se a PEC vai flexibilizar o teto de gastos. Se isso vai provocar um maio estímulo pela demanda e aquecer o comércio, os serviços e até a indústria. É um cenário com predomínio de incerteza.
Na agropecuária, o economista-chefe da Farsul avalia que o quarto trimestre deve seguir com o setor apresentando recuperação, principalmente com a entrada da safra de trigo. Para 2023, Antônio da Luz estima bons resultados, mas coloca um asterisco nessa projeção. Como a agropecuária do Estado depende historicamente da frequência de chuva, o economista destaca que existe um sinal de alerta em relação esse ponto:
— Se tudo der certo, se o clima não nos atrapalhar de novo, deveremos ter um 2023 com um crescimento bom. Até por força da comparação, da base.