Um dia após a nova troca de comando na Petrobras, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou que o governo federal deseja dar "previsibilidade" aos reajustes dos combustíveis anunciados pela Petrobras. O Ministério de Minas e Energia anunciou na noite da segunda-feira (23) que o presidente da República, Jair Bolsonaro, decidiu demitir José Mauro Coelho da presidência da Petrobras e indicar para o cargo o secretário especial de desburocratização do Ministério da Economia, Caio Paes de Andrade.
Coelho estava no posto havia pouco menos de 40 dias e foi demitido em meio à pressão de Bolsonaro por uma contenção no aumento dos combustíveis em ano eleitoral. O mesmo aconteceu com o antecessor, Joaquim Silva e Luna.
De acordo com o vice-presidente da República, o governo quer evitar flutuações nos preços. A estatal define os valores com base na variação do petróleo no mercado internacional, política criticada por Bolsonaro, mas também por outros pré-candidatos ao Planalto, como o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT).
— O que eu tenho visto é que querem dar uma certa previsibilidade. Em uma análise, vamos dizer, prospectiva do momento, aquelas flutuações que têm ocorrido semanalmente, você aguardar para ver qual é a diferença. Eu acho que é isso que eles estão querendo fazer — afirmou o vice-presidente a jornalistas no Palácio do Planalto. — Não vou dizer que é prazo de cem dias, mas aguardar o momento. Numa semana, o barril vai para 112, na semana seguinte vai para 98. Se ficar nesse zigue-zague, fica ruim.
Mourão ainda confirmou que a troca foi ordem de Bolsonaro.
— Isso aí é decisão tomada pelo presidente. Ele sabe as pressões que está sofrendo. Então, segue o baile. Vamos aguardar o que o Caio pode fazer. O que eu vejo no Caio é que ele é um cara competente. É um cara que foi muito bem-sucedido na iniciativa privada, veio para o governo — declarou o general, que lembrou, no entanto, que o nome do braço direito do ministro da Economia, Paulo Guedes, terá de passar pelo crivo do Conselho de Administração da Petrobras.
— Está dentro da atribuição do presidente. Ele tem a prerrogativa de nomear o presidente da Petrobras. É óbvio que vai passar lá pelo conselho de acionistas, vai ter uma reunião do Conselho de Administração, não é de hoje para amanhã que isso vai acontecer. Vai levar aí, na minha visão, 30 ou 40 dias para isso acontecer — disse Mourão aos jornalistas.
Quem define política de preço da Petrobras é Conselho e diretoria, diz Guedes
O ministro da Economia evitou falar da nova mudança de comando da Petrobras, nesta terça-feira (24), nos corredores do Fórum Econômico Mundial, em Davos. Nas reuniões privadas que tem feito, o ministro afirmou que não tem sido perguntado sobre a petroleira.
— O presidente Jair Bolsonaro escolhe o ministro Adolfo Sachsida, o ministro escolhe o presidente da Petrobras — disse em conversa com jornalistas.
O Conselho da petroleira ratifica o nome do ministro escolhido e a diretora da estatal, completou Guedes.
— E eles definem a política de preço dos combustíveis — acrescentou.
José Mauro Ferreira Coelho foi o terceiro presidente da estatal no governo de Bolsonaro.
Guedes está com a agenda cheia nesta terça-feira, com nove reuniões bilaterais, fora um almoço e um jantar, além de uma reunião informal com participantes do Fórum pela manhã.
Há uma lista de vários nomes na fila para uma conversa com o ministro, que não conseguiram espaço na agenda.