Enquanto as alas política e econômica do governo travam uma queda de braço nos bastidores sobre a forma de financiamento do Auxílio Brasil, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão disse nesta quarta-feira (20) não ver problema em aprovar, de forma temporária, uma verba fora do teto de gastos para abastecer de recursos o novo programa social. Por outro lado, o general reconheceu que não participa das discussões sobre o programa social.
Como revelou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o presidente Jair Bolsonaro decidiu por um benefício de R$ 400 para o substituto do Bolsa Família até dezembro de 2022, ano eleitoral. Desse valor, cerca de R$ 200 seriam um pagamento temporário, com metade disso fora do teto de gastos.
A possibilidade de furar a regra considerada a âncora fiscal do País gerou forte repercussão negativa no mercado financeiro e dentro da equipe econômica. Em meio ao impasse, o governo chegou a cancelar a cerimônia de lançamento do programa, que estava marcada para a terça-feira (19).
Apesar disso, Mourão minimizou as consequências de deixar uma parte do Auxílio Brasil fora do teto.
— Se acertasse e dissesse: "olha, durante um ano nós precisamos de gasto extra teto de X", os representantes da sociedade, que são os parlamentares, dissessem "ok, vamos aprovar", não vejo problema — disse o vice-presidente em sua chegada ao Palácio do Planalto.
— Se houver uma transparência total na forma como o gasto será executado e de onde vai vir o recurso, acho que o mercado não vai ficar agitado por causa disso. A gente não pode ser escravo do mercado, a questão social é responsabilidade do governo e não do mercado.
O vice-presidente ainda fez críticas ao teto de gastos.
— O teto tem, na minha visão, um problema sério, porque determinadas despesas aumentam acima do limite estabelecido para as demais. Então, consequentemente há uma compressão das despesas, o que termina a levar que o governo fique estrangulado — disse ele, que ainda saiu em defesa de um auxílio "mais robusto" diante da crise econômica.
— Paulo Guedes ministro da Economia, pelo que entendo, sempre manifesta uma preocupação quando se vota alguma coisa fora do teto, porque vai para votar e volta mais A, mais B mais C.