Em tentativa de espantar as dificuldades deixadas pela crise, o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul cresceu 2% em 2019. Trata-se da terceira alta consecutiva do indicador e da maior elevação desde 2013, apontam dados divulgados nesta quarta-feira (11) pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE). O órgão é vinculado ao governo estadual.
Durante a apresentação do resultado, economistas do DEE indicaram a existência de incertezas na largada de 2020. A estiagem que atinge o Rio Grande do Sul e a pandemia de coronavírus são vistas como fatores de risco para a economia neste ano.
Em 2019, o PIB gaúcho teve desempenho superior ao nacional. No período, a alta brasileira foi de 1,1%, a menor em três anos.
O avanço estadual foi impulsionado pelo comportamento da agropecuária. No ano passado, o setor colheu crescimento de 6,2%. Os destaques foram as culturas de soja (5,5%), milho (25,9%) e trigo (30,6%).
Pesquisador do DEE, Martinho Lazzari lembra que, em 2018, a produção do campo havia sido prejudicada por condições climáticas. Isso significa que a base de comparação mais baixa também incentivou o crescimento robusto do setor.
– A agropecuária foi o principal destaque da economia no ano passado. Foi uma recuperação depois de um ano ruim – pontua Lazzari.
O setor de serviços também ficou no azul, com alta de 1,6%. Dentro desse segmento, o ramo de serviços de informação teve o maior avanço, de 3,8%, e o comércio subiu 0,6%.
Terceiro grande setor pelo lado da oferta, a indústria confirmou elevação de 1,5%. Dentro das fábricas, a construção civil continuou no vermelho, com baixa de 1,1%. Intensivo em mão de obra, esse ramo foi um dos que mais sofreram com a recessão e ainda encontra dificuldades para reagir.
O DEE ainda informou o resultado do PIB estadual do quarto trimestre de 2019. Frente a igual período de 2018, houve baixa de 0,3%. A principal redução foi a da indústria, que caiu 3,9%.
– A desaceleração no quarto trimestre já era aguardada. Depois do pico no primeiro semestre, a indústria passou a dar sinais de acomodação em seguida – explica Lazzari.
Economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), André Nunes de Nunes destaca o fato de o Rio Grande do Sul ter apresentado desempenho superior ao nacional no acumulado do ano. Por outro lado, lamenta a perda de fôlego registrada pelo setor industrial na reta final de 2019.
– A produção das fábricas foi ruim no quarto trimestre. Puxou para baixo o desempenho da economia – frisa Nunes.
O PIB é conhecido como a soma das riquezas produzidas por uma região. Em 2019, o indicador estadual alcançou R$ 480,57 bilhões em valores correntes. Ou seja, representou 6,6% da economia nacional.
– Tanto o desempenho do ano quanto o do trimestre já eram esperados. Não houve surpresa. O resultado de 2019 foi favorecido pela base de comparação mais baixa da agropecuária – analisa o economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank.
Em relação ao terceiro trimestre de 2019, o PIB gaúcho teve variação positiva de 0,2% entre outubro e dezembro, acrescentou o DEE.