O governo argentino anunciou, na sexta-feira (3), um aumento salarial de 4 mil pesos para os trabalhadores do setor privado, diante da perda do poder aquisitivo provocada pela inflação. O valor é o equivalente a cerca de R$ 270 e representa aumento de 23,7% no atual salário mínimo do país.
— Os 4 mil (pesos) são um reajuste salarial, não um bônus, nem um pagamento extraordinário — disse em entrevista à imprensa o ministro do Trabalho, Claudio Moroni. Ele destacou, ainda, que o "aumento será igual e uniforme para todas as escalas".
Primeiro será dado um reajuste de 3 mil pesos, em vigor a partir de janeiro. Os mil pesos restantes entrarão em vigor nos salários referentes a fevereiro, totalizando os 4 mil pesos de aumento, detalhou o ministro.
Para os trabalhadores do setor público se aplicará um esquema similar, que será anunciado na próxima semana, acrescentou Moroni.
Com um salário mínimo de 16.875 pesos mensais (pouco mais de R$ 1.140), os sindicatos esperavam um reajuste mais significativo após um ano de inflação galopante. Estima-se que a inflação tenha fechado 2019 em 55%. Para efeitos de comparação, o IPCA, a inflação oficial brasileira, deve fechar 2019 em torno de 4%, segundo as últimas projeções do mercado.
O governo argentino espera que o reajuste salarial tenha "um efeito dinamizador na demanda", e isentou as pequenas e médias empresas do pagamento das contribuições relacionadas ao reajuste pelo prazo de três meses.
O presidente Alberto Fernández, que assumiu o cargo no dia 10 de dezembro, adotou um pacote de medidas econômicas e impositivas de emergência para tentar superar a pior crise econômica na Argentina em quase 20 anos. O presidente também enfrenta o desafio de equilibrar as exigências sindicais às necessidades de um setor produtivo golpeado por uma recessão que já dura mais de um ano.