
O apresentador Luciano Huck atraiu a maior parte das atenções nesta quinta-feira (23) durante o painel que participou sobre os protestos de rua na América Latina na reunião do Fórum Econômico Mundial em Davos, mas evitou polêmicas.
Discorrendo sobre desigualdade, educação e ambiente, foi chamado em voz alta ao menos duas vezes de "próximo presidente do Brasil" — pelo escritor e youtuber brasileiro Raiam Santos e pela secretária executiva da Comissão Econômica para América Latina e Caribe da Organização das Nações Unidas (ONU), Alicia Bárcena Ibarra.
Huck desviou do epíteto. Indagado após o evento sobre os temas que abordou no almoço e as ações do Brasil na área, disse que o Brasil merecia representação melhor no exterior
— O Brasil precisa ser mais bem representado, para além da economia — afirmou.
— Quando você lê a carta do professor (Klaus) Schwab desta edição do Fórum Econômico e ela claramente aponta para discutir ideias que possam gerar crescimento econômico com redução da desigualdade, eu adoraria poder ver o país bem representado em painéis além dos painéis econômicos — disse, em alusão ao ministro da Economia Paulo Guedes, celebrado por investidores no Fórum.
— Sem dúvida a gente entregou números importantes do ponto de vista econômico, mas a gente estava fora dos painéis de educação, desigualdade e Amazônia — completou.
Durante o almoço, ao qual também estava presente o cocriador do movimento anarquista americano Occupy, Micah White, e outros líderes da sociedade civil, Huck contou uma história de superação que registrou em seu programa, falou da importância da educação e esboçou um ponto de vista sobre ambiente, um dos eixos do encontro deste ano.
— Temos 80% da Amazônia que não sabemos a quem pertence, estão em uma zona cinzenta, então temos que pensar na Amazônia também nas pessoas, não nas árvores — disse aos convidados, sem elaborar, aparentemente referindo-se à área protegida da floresta.
O governo Jair Bolsonaro vem defendendo maior desenvolvimento econômico para a região da floresta, mas é criticado por sua inação ambiental. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, não viajou para Davos.
Na plateia, estavam executivos brasileiros como o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, e o vice-presidente do Bradesco, Mauricio Minas — ambos sentados à mesa com Huck. Aliados de dois dos possíveis concorrentes de Huck caso ele se candidate em 2022 também estavam presentes: a secretária de desenvolvimento econômico de São Paulo, Patricia Ellen, que viajou a Davos com o governador João Doria (PSDB), e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sob Bolsonaro, Gustavo Montezano.