Para quem chegou quase ao fim de agosto sem receber a primeira parcela do 13º salário, os bancos oferecem uma opção tentadora: a antecipação do pagamento, uma possibilidade de aliviar as contas com um dinheiro fácil de sacar.
A ideia pode ser atraente, até porque cobra juro relativamente baixo, mas deve ser vista com cautela, pois tem a chance de causar o efeito contrário, ou seja, prejudicar o orçamento.
Leia mais:
Boatos nas redes sociais falam sobre fim do 13º salário. Saiba o que é verdade
Antecipação de parcela do 13º a aposentados e pensionistas custará R$ 18,2 bi
Como em qualquer empréstimo, são cobrados juros e outras taxas pelo banco que, mês a mês, podem acabar saindo mais caras do que o benefício de receber o dinheiro antes de novembro.
Os casos em que a antecipação pode ser vantajosa envolvem, principalmente, a existência de dívidas com juros maiores do que os cobrados pelo empréstimo do 13º salário.
– Vale a pena sacar esse dinheiro antes só se o cliente está com dívidas realmente altas.
O juro não é barato, mas para quem está no limite do cheque especial, ou com prejuízos acumulados no cartão de crédito, é uma boa opção – avalia o educador financeiro Leandro Rassier, diretor da LHR Investimentos.
A quantia que pode ser antecipada e as taxas de juros cobradas variam de acordo com a instituição e o perfil do cliente. Alguns bancos permitem a antecipação de até 100% do valor do benefício, que costuma ser creditado diretamente na conta corrente e cobrado na data do crédito do 13º salário. Os juros ficam, na média, em cerca de 3% ao mês, mas novos clientes e negativados podem ter de arcar com taxas mais altas.
O 13º salário deve ser pago ao trabalhador em duas parcelas: a primeira metade entre fevereiro e novembro de cada ano, e a segunda, até 20 de dezembro. Muitas empresas privadas optam por fazer a primeira antecipação no meio do ano, mas a prática depende da política e da saúde financeira de cada empregador.
O vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, explica que oferecer a antecipação é também uma estratégia dos bancos diante da crise econômica. A preocupação com a inadimplência teria levado à maior oferta dessa linha de empréstimo, que tem risco menor. Alguns bancos, inclusive, começaram a oferecer a opção ainda em janeiro.
– Todo ano, os bancos oferecem essa linha de crédito, mas, em 2016, eles resolveram fazer isso antes. Normalmente, começa em setembro, outubro. Isso tem a ver com a conjuntura econômica, com renda em queda, desemprego e maior dificuldade das famílias no seu orçamento – explica Ribeiro.
No Itaú, houve um aumento de 29% na procura pelo crédito de antecipação do 13º salário no primeiro semestre no Rio Grande do Sul, quando comparado ao mesmo período do ano passado. No Banco do Brasil, a antecipação média é de R$ 1,3 mil, e 65% dos clientes contratam a antecipação para quitar ou amortizar compromissos financeiros com taxas de juros mais elevadas.
