
O dragão da inflação voa mais alto em Porto Alegre. Dentre as 13 capitais pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a dos gaúchos é a que mais aumentou preços neste ano, com um crescimento na inflação de 5,16% nos primeiros cinco meses de 2016. A média no Brasil foi de 4,05%. Alguns dos alimentos mais apreciados no dia a dia também ficaram mais caros, casos de leite, feijão, óleo de soja e algumas frutas.
Dos nove grupos de consumo que formam o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), em três Porto Alegre teve as altas mais expressivas: artigos de residência, comunicação (como pacotes de TV por assinatura e aparelhos de celular) e saúde e cuidados pessoais, que inclui medicamentos e perfumaria. No item vestuário, foi a segunda maior alta do país, superada apenas por Goiás.
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– Como são itens do varejo, o consumidor precisa redobrar esforços na pesquisa e abrir mão de marcas mais conhecidas para escapar a disparada. Mas é verdade que dos gastos com remédios e consultas médicas não dá para abrir mão – aponta o consultor financeiro Alfredo Meneghetti Neto, economista da PUCRS.
Para economistas e empresários, o pouco invejado posto de Capital da Inflação se deve à alta do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) colocada em curso pelo governo do Estado no início do ano. A alíquota básica passou de 17% para 18%, e a taxa sobre energia elétrica, serviços de telefonia e combustíveis saltou de 25% para 30%.
– O efeito da alta do ICMS sobre os preços fica mais claro a cada mês. O que a população perde em termos de renda com a inflação, o governo ganha com arrecadação – diz o professor de Economia da UFRGS Marcelo Portugal.
Conforme Portugal, outros Estados elevaram impostos na virada do ano, mas nenhum de forma tão contundente quanto o Rio Grande do Sul. Para completar, os gaúchos ainda sofrem com a disparada nos valores de alguns alimentos em razão da escassez na safra – dificuldade que aflige também consumidores em outros Estados.
O leite longa vida subiu 19,7% no acumulado do ano na Capital, conforme o Índice de Preços ao Consumidor da UFRGS (Iepe), em razão de problemas climáticos que afetaram as pastagens – o litro passou de R$ 2,23 em janeiro para R$ 2,67 em maio. O feijão preto ficou quase 17% mais caro, devido à quebra de safra e menor plantio no país – muitos agricultores passaram a priorizar a soja, mais lucrativa. Como alento, economistas têm previsto que, passada a pressão inicial, os alimentos não fecharão o ano como vilões da inflação: a expectativa é de recuo de preços nos próximos meses, com mais equilíbrio entre oferta e demanda.