O país voltou a fechar um ano com inflação em dois dígitos, o que não ocorria desde 2002. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na manhã desta sexta-feira que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou 2015 em 10,67%.
Em 2014, a taxa foi de 6,41%, abaixo do teto da meta oficial de 6,5%.
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Em dezembro, o IPCA ficou em 0,96%, também o maior percentual para o período desde 2002. Em novembro, a alta foi de 1,01%. No mês, o índice teve como principal influência o item alimentação e bebidas, que subiu 1,5%.
No ano, a inflação oficial do país foi puxada principalmente pelo grupo habitação, com alta de 18,31%, com a energia elétrica tendo grande peso, seguido por alimentação e bebidas (12,03%) e transportes (10,16%).
Conforme o IBGE, o item com maior impacto no ano foi a energia elétrica, que contribuiu com 1,5 ponto percentual do índice de 2015. Os combustíveis aparecem como segundo maior vilão, com participação de 1,04 ponto percentual. As contas de luz aumentaram, em média, 51% no país. Nos combustíveis, o litro da gasolina subiu 20,10%, também na média nacional.
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O instituto observa ainda que, no ano, a inflação foi mais pressionada no primeiro trimestre, com a concentração de reajustes significativos nas tarifas de ônibus urbano e intermunicipal, de energia elétrica e de água e esgoto. Nesses dois últimos itens, lembra o instituto, houve tanto reajustes ordinários quanto extraordinários. Outro impacto na conta de luz foi causado pela adoção do sistema de bandeiras tarifárias, modelo que computa os custos maiores com o acionamento de usinas térmicas.
O IPCA da região metropolitana de Porto Alegre subiu 11,22% no ano, a terceira maior alta entre as 14 áreas analisadas pelo IBGE. A gasolina ficou 52,73% mais cara, o quinto maior índice no país.
Calculado desde 1980, o IPCA abrange famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e engloba 10 áreas metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande e Brasília.
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Limite da meta
Os dados do IBGE confirmam a expectativa de rompimento do teto da meta perseguida pelo governo, que é de 4,5% com tolerância de 2 pontos porcentuais para mais ou menos. A última vez que isso aconteceu foi em 2003, quando o IPCA fechou o ano em 9,30% - o teto também era de 6,5% naquela época.
Quando a inflação foge ao limite da meta, o Banco Central, hoje presidido por Alexandre Tombini, tem de escrever uma carta pública ao Ministério da Fazenda, cujo titular é Nelson Barbosa. No documento, a autoridade monetária deverá listar os motivos pelos quais a inflação rompeu o teto estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
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*Zero Hora com Agência Estado