No Rio Grande do Sul, faltam R$ 3,6 bilhões para fechar as contas de 2015, e os gaúchos acreditavam que a situação estadual era pior do que a federal. O tempo parece ter revogado essa sensação, mesmo guardadas as proporções. Nesta quinta, o secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive, avisou que o rombo das contas da União pode chegar a R$ 110 bilhões este ano.
A desordem geral nas finanças públicas devolveu ao debate econômico uma expressão dos anos 1980: dominância fiscal. A tese é de que a incerteza sobre as contas tira a capacidade de a política monetária (juro) segurar a inflação. E provoca um circuito que realimenta a crise.
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Como boa parte da dívida é atrelada ao juro, taxas alta mantidas por longo tempo inflam o endividamento, ou seja, agravam o descontrole fiscal. Por enquanto, trata-se de uma tese, refutada com veemência pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
No Estado, apesar da oposição popular e empresarial, uma alta de impostos foi aprovada e pesará no bolso dos gaúchos a partir de janeiro. No país, faltam condições políticas até para discutir alternativas à CPMF.
No Piratini e no Planalto, há espaço para cortes e racionalização de despesas. Mudar a cultura do descontrole é urgente para não permitir que os buracos engulam Estado e país. E que se imponha a dominância fiscal.