Se é preciso a presidente Dilma Rousseff afirmar que seu ministro da Fazenda não está desgastado nem isolado, é porque as dúvidas são legítimas. Um dos motivos das suspeitas sobre a manutenção do ministro no cargo é óbvio: Levy foi vencido tanto no capítulo dos cortes do orçamento de 2015 - quando alegou uma gripe para não aparecer ao lado do colega do Planejamento, Nelson Barbosa - quanto no embate sobre enviar ou não ao Congresso o orçamento de 2016 com déficit primário (sem economia para pagar juros da dívida) de R$ 30,5 bilhões.
Circulam versões de que teria sido intimado a, desta vez, aparecer ao lado de Barbosa no anúncio da notícia que mais sacudiu o mercado num ano de sobressaltos. Ontem, enquanto a presidente comparava os debates na equipe econômica aos de uma família que discute, mas não se separa, ele tentava antecipar concessões no setor elétrico para tentar tapar o buraco deste ano e reduzir o do próximo. Levy foi o fiador do ajuste que ficou no meio do caminho e não evitou o pior sinal de que a economia brasileira está sem leme.
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Se até agora o controle da inflação era a principal preocupação do governo, o equilíbrio fiscal passou a ser o maior desafio. O custo de perder o controle das finanças é maior do que o de alimentar o dragão dos preços. Mas se atribui à imagem e à argumentação do ministro a postergação da primeira perda da nota em grau de investimento do Brasil, que já poderia ter ocorrido neste ano. Cada vez mais, essa hipótese é questão de tempo.