Ainda que alguns analistas vejam a queda do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre acima do esperado, a reação da bolsa e do dólar nesta sexta-feira mostram que não houve grande surpresa. Se tivesse havido, a bolsa não teria chegado ao meio-dia com variação positiva. Só foi cair - e relativamente pouco, 1,17% - à tarde. Isso em uma semana que perdeu mais de 3% em um só dia por conta da distante China.
Se não ter havido surpresa não é má notícia, também não é boa. O ritmo ainda vai cair mais, embora não com tombos tão fortes, nos próximos trimestres.
À medida que a atividade econômica encolhe, outra incha. Há uma intensa prospecção pelo fundo do poço. A discussão é totalmente empírica, porque não envolve um conceito econômico. Mas é razoável considerar o fundo do poço como o momento em que a situação para de piorar. E, nesse sentido, ainda não tocamos no fundo. O mais provável é que a esta queda de 1,9% sigam-se outras, mais moderadas. Cair sobre queda é piorar, mas há os próximos tombos não devem ser tão graves.
O que complica a administração da crise é que o governo já não tem um arsenal anticiclíco. Gastou munição para suavizar o impacto do estouro da bolha de 2008 e derrapou no ajuste depois de construir o dique contra o tsunami. Está comprometido com medidas que acentuam a recessão, como elevação de juro, corte de gastos e aumento de impostos.
Para economistas, segundo trimestre ainda não foi o fundo do poço´
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O que sobra, para calibrar a dosagem recessiva é uma trégua no juro. É uma tese a ser confirmada na próxima quarta-feira, quando o Banco Central decide sobre a taxa básica.
Essa limitação adiciona dúvidas sobre a duração da recessão, mas uma coisa é certa: ninguém, em sã consciência e com honestidade intelectual, pode dizer que o Brasil está ameaçado de mergulhar em uma década recessiva inteira.
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Marta Sfredo: prospectar o fundo do poço é única atividade em alta
Ainda que alguns analistas vejam a queda do PIB no segundo trimestre acima do esperado, a reação da bolsa e do dólar nesta sexta-feira mostram que não houve grande surpresa
Marta Sfredo
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