Não é qualquer superávit na balança comercial que anima o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. Nem o maior resultado mensal desde agosto de 2012 registrado em maio deste ano, conforme dados divulgados nesta segunda-feira pelo Ministério do Desenvolvimento.
Na avaliação do especialista, o resultado é "bom" - assim, entre aspas - por uma série de fatores que não vai se repetir nos próximos meses: concentração de embarques de soja, desembaraço de cargas de açúcar retidas pelo incêndio no porto de Santos, e queda maior das importações do que aumento sustentável das exportações.
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Mesmo com todo esse ceticismo, há três segmentos nos quais tanto Castro quanto o governo depositam esperanças sinceras de melhora nos resultados: calçados, móveis e confecções. Como os dois primeiros são fortes no Rio Grande do Sul, há expectativa de que ao menos parte da indústria gaúcha seja beneficiada pela tentativa de deixar o dólar flutuar - e voltar a subir, no momento.
Até agora, os números desses dois segmentos tradicionais nas vendas do Estado ao Exterior só estão deixando de piorar, mas com esforços de recuperação de mercado, o desempenho pode realmente melhorar no decorrer do ano.
Uma boa surpresa de maio foi a venda de automóveis, que cresceu 27,9% em relação a maio de 2014. Castro lembra que o auge da crise nas compras dos argentinos ocorreu há exatamente um ano, o que ajudou a dar musculatura ao resultado. Dado o perfil do comércio exterior brasileiro e a situação dos mercados compradores, a alta do dólar só beneficia, neste momento, 15% das exportações, nas contas da AEB.