Com o aumento real da renda das famílias brasileiras nos últimos anos, os jovens têm mais condições de permanecer estudando, antes de ingressarem no mercado de trabalho. Foi o que mostrou reportagem do repórter Erik Farina, destacando, inclusive, que a situação é um dos motivos de o desemprego permanecer com taxas baixíssimas na Capital.
Em abril do ano passado, durante o Fórum da Liberdade, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, já havia chamado a atenção para este fenômeno crescente na sociedade brasileira. Com razão, argumentou que a "expansão da classe média, o aumento da renda real dos chefes de família, os programas oficiais de financiamento educacional e a maior oferta de vagas em cursos superiores, todos esses fatores combinados, permitiram que os jovens permanecessem mais tempo estudando, aumentando a escolaridade, em vez de ingressarem mais cedo no mercado de trabalho em piores condições para competir por um emprego".
Um fator isolado não resolveria toda a questão de uma vez só, mas, juntos, o poder de fogo aumenta. De nada adiantaria apenas a renda maior de uma determinada parcela, pois outra ainda ficaria desemparada, carência suprida, nesse caso, com Fies, Prouni e outros programas de acesso ao financiamento estudantil.
Tombini confia que o resultado deste programa de prioridades criará, no futuro, força de trabalho mais qualificada, embora reconheça o resultado mais imediato da redução da participação dos jovens até 24 anos no mercado de trabalho e a diminuição do desemprego nessa faixa, diferente do que se observa em muitos países, onde "tem sido persistentemente muito alto".
A falta de qualificação é o entrave mais citado pelas empresas hoje quando buscam candidatos a funções vagas ou novos postos de projetos de expansão. Na terça-feira mesmo, neste espaço, a informação da pesquisa da Fundação Dom Cabral alertava para carência de profissionais qualificados, mostrando a gravidade do momento.
Não pode deixar de ser observado também o ganho de produtividade que esse jovem - mais treinado e preparado - trará. A produtividade brasileira é baixa, entre outras razões, pela pouca qualificação do trabalhador.
É bom mesmo que a chegada futura desta nova geração mais qualificada ao mercado de trabalho não demore muito e nem esteja a décadas de ser alcançado.
Afinal, o Brasil precisa dela já!